I
estamos aqui e acolá
o lenço na cabeça e as palavras
com o cigarro pendente no lábio
quase flutuante, devido a energia
proviniente do corpo
presos pela manhã
na cadeira de madeira
um aqui e outro acolá
discutindo Rimbaud,
no romance, perdido nas folhas
e na sutileza da beleza de uma música cigana
a fome que nos dá
e a vontade de sair daqui
e ficar ai
com a poetisa da vida,
encenando no setembro
a sua peça vital,
onde a platéia terá presente meus versos
encrustados na alma dos bancos
II
queríamos só liberdade,
queremos poder respirar,
na nossa arte...
que foge nalguns livros e películas
fervendo em nossas mãos
na ponta dos deods de piano,
entrelaçados no seu esilo
cozendo versos livres
na eminência de ser você.
desejamos um lugar
livre e de fulgaz espontaniedade
música boa e grande energia,
petrificado na paixão com a qual me conta
sobre o galpão sujo e com tapetes e sofás
III
não canse de minhas palavras.
em ano próximo
a poesia dos mortos voltará,
e poderemos (tentar) mudar o mundo
o poeta bebado
e os cílios grudadinhos, igual tempos atrás.