tenho três passos, só.
paciência,
minhas pernas
são o tempo, sabido.
amigo do ser lua
aguardo cair da noite,
mas o sol acaba de nascer.
saliência,
desses sentidos.
moralisando meus olhos
de soturnos pensamentos,
que afloram torturas e
prisões internas de vã distância.
abismo,
que vez em quando
machuco ao cair.
pois equivoco meu presente
achando-o futuro,
que é, para mim, tão belo e forte.
pensando-o como vida,
sabendo-o pouco.
pois ando cego, como os homens.
[todos homens são cegos,
nadadores de turvas águas
onde enxergam somente o próprio nariz.]
tenho três passos,
e minhas pernas cansam.
oro para ter-las
quando o luar chegar,
pois ai,
não será andar,
terei de olhar fundo.