escrevo nessa tarde cinzenta
chuvosa.
calho a achar metáfora combinante.
subo minhas escadas com medo de encontrar
o defunto deitado em minha cama.
lendo meus livros, tirando minhas fotos.
no verão de maio vi a canção parar.
desta vez acabou o disco,
e já foram tocados os dois lados.
o defunto me olha,
sim, o encontrei em meu quarto,
e resmunga torto a dança diluída.
reencarna, depois, na simbiose momentânea
de minha visita paradoxal.
e me vê uma dose de versos, s'il vous plaît.
só meia xícara, por favor...
meia basta?
não sou tã azul como você.
basta inteira para doer o osso,
doer bom.
é bom transviar o caminho
de minha chuva.
me perco no significado.
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