derramo meus olhos ao chão.
talvez doa como vampiro,
mas dor que me vem por hora,
emerge risos e noites de verão.
noites compridas de serenatas,
afinadas à sua viola.
eles rodam e rodam
sugando tudo que encontram.
pelas pupilas e cílios
vão entrando calor,
flor e bocas.
até saliva seca,
de mórbida ressaca da agonia.
ah, a mística ressaca da vínicola.
pai e mãe de manhãs infinitas.
entram outros olhos, talvez.
e desses saem medos traduzidos,
ilusões metamorfoseadas em azul ou verde.
azul que é a cor do céu,
mar, pano, pavão, maria,
olhos seus, meus,
cor da urbe, da tela,
do ser, do viver.
verde que é.
e sendo,
recolhe meus olhos e me dá.
[pelo menos, agora,
terei recheio neles.
estão em erupção de sons e sentidos,
eles gritam.]
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