me vejo na platéia
encolhido, de preto sujo.
olhando pro lado, sem prestar
atenção no triste fim.
prestando amor ao começo,
às vontades, ao banco do lado.
sonho com essa fileira e com toda
a acústica do anfiteatro amado
ecoando meus versos pensamentos,
rodopiando pelo palco e dançando em nós.
me vejo,
me vejo,
pousando como ave,
no ensaio sobre o drama prostituto.
querendo pisar em tudo,
e bater minhas asas fortemente.
levanto.
acaba a peça.
e pego a mão,
nossa mão, uma mão.
sem dedos.
um bloco de pele sedenta
balançeando para frente e pro lado,
andamo-nos pelas crateras lunares,
claras e macias.
sento.
sinto a mão quente.
penteio cabelos,
com os dedos,
para fora dos olhos,
fundo narizes, e olhos secos e cegos.
quero ser lua e sol do meio dia, novamente.
por enquanto sou invasor,
rato na parede,
vigiando de longe o agora.
me escondendo quando devo,
me exaltando sem querer
quando dou o bote das letras.
minhas armas roedoras, as letras.
uso-as de bem,
de bom,
querendo bem,
sendo bom.
posto dois ou mais selos,
com desenhos recheados de azul.
esperando crer no futuro que
esperamo-nos.
esperando findar na verdade
do agora
a loucura do que vem ao nosso encontro.
vem como amigo amor.
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