sábado, janeiro 9

noite

fazia tempo que não tinha esse sentimento
de ouvir a poesia falar por si mesma.

não quando a gente lê em silêncio, fala com os olhos.
mas quando recita alto e claro.
não somos nós.
é ela, é dela.

funde com todo o ar do ambiente e penetra na gente.
entra, bem fundo. às vezes, fundo de mais.

dói, alegra, lembra, faz chorar e rir.

estava sentado ouvindo mudo a ditadora,
quando de repente saiu tudo aquilo da tela e meu quarto ficou colorido
colorido com uma fonte bem bonita e gorda.

eu lia no ar tudo aquilo que sempre quis ler e enxergar.
agora, realmente com pleno entendimento.
cada uma das estrofes e por sua vez, os versos foram me amarrando na cama.
fiquei ali até agora pouco.
só ouvindo.