domingo, maio 30

versos brancos recheados

não queria só meia xícara, não
por favor.

quero o garrafa toda
sentada em minha mesa

me olhando,
e contando sobre como foi o dia

encenando essa distância
no sarro da risada

observando e provando
o que observo nas palavras

que são colocadas ali na tela
ou num envelope branco

não quero só meia.

quero o dobro,
transbordar de versos

colhendo o que chama
de incrível

e colocar numa bandeija antiga
e colocar na sua campainha

depois de sentar e olhar
queria esvaziar a garrafa toda

te-la para mim, ó, café do meu sol primeiro
estupefada de tantos versos

vivo cada uma de minhas vidas presentes
como o filtro.

esperando a água passar pelo meu pano grosso.

não queria só meia xícara, não.

quero seu samba
no meu tapete,

seu sorriso no meu colo.

e falo mesmo, e falo denovo.