terça-feira, agosto 10

és amor, uma flor

nós flores, vos somos peso, ó, dado à vida única,
causamos aos teus periféricos uma inibida felicidade,
que escondem por pura fragilidade.

se desabrochamos no lugar correto,
somos dignas de transparecer o mais leve dos amores,
dentre todos que são desejados.

somo teus,
se quiserem

somos vocês mesmos,
se amarem à nós.

 [somos versos
de mãos dadas com a paixão].

amor de caminhão

há uma sombra aqui.
uma sombra, o amor.

cafona e risonho.

digo sombra, pois é privado à nós,
solamente nosso.

és da señora do inferno
e do filho da madre poesia.

nos pega em breu vermelho
e fotografa-nos o beijo.

és cafona e capota todos os versos ditos.

um sonho

coloquei meu olhos nos devidos lugares e, de fato,
sequei a àgua me escorria à face.

sonhos, nos quais calhavam o azul sentimento,
me sorriram a cara:

andei
sedento
por luz
e leveza,
e encontrei o que estremecia minhas vontades.

o achei
num bom sorriso, de leveza ímpar
e sábia paixão.

um pacote lunar

aceite a lua,
que de coração te dou.
aceite-a como aceitou à mim.
a tenha como quando sente frio
e me pede como lenha;
a tenha como quando sente calor
e me pede como frescor.

aceite-a de olhos cheios.
como me cabe quando sinto em mim
teu mel prazer.
aceite-a pois.

o luar me traz um pouco de orgulho,
e por hoje, é seu.

[quando a lua morrer,
espere que é porque o sol está vindo
te alumiar também,
iluminar teus amores] .