quarta-feira, junho 9

vem brincar

algema-me o tempo,
em sua longa presença
concava no meu quarto,
quase plana.

uma boa noite escaldante
está no portão.
- vem cá, vem brincar!
exalta meus sentidos,
o frio e o estresse mundano.
aflora-me o sangue
sem doer um tico
e ilumina minha decadência
transcendental.

tomo uma dose da cristalina
e calho a fumar mais um gole.
roubo do vestido colorido
mais um trago.

me algeme, pois.
junto ao seu tempo,
em sua longa presença querida
quando olho nas pontas do dedos
ou no céu, à noite.

acorda, maria bonita

 Há quem acorde de mal, soturno. Não!! Creio que seja a maior parte do moradores deste mundo cão,
mas existem também os que estão do meu lado, que numa bela manhã de sol, ou chuva, ao abrir os olhos,
vêem motivos infinitos para sorrir graciosamente ou fazer um café sem resmungar à coitada da água fervente.
 Vejo o acordar como uma prova do dia vivo, pulsante,onde talvez seja livre passear com todas suas indagações
mundanas, por mais obliquas que elas sejam.
 Vejo o naquele momento ( quando meu quarto se forma lentamente; quando passa do preto para o branco, e este
vai ganhando formas de cadeiras, tevês, mesas e estantes; quando levanto rápido e sinto uma leve tontura e uma
boca grudenta e sedenta ) formar-se o meu eu. No simples fato de acordar está meu impulso para fazer certo durante
o dia, como fazemos nos sonhos.
 Fico feliz por acordar bem e fazer certo meus desejos cotidianos, pois quando for dormir, meus sonhos serão
como continuação. Uma faculdade para meu próprio entendimento. E nos dias que me esquecer deles, não terei outra chance
para tentar.
 É belo acordar e dizer bom dia com a bochecha enrugada.