domingo, julho 31

poema de dois

secando as madeixas
curtas e, ao mesmo tempo, longas madeixas suas.
encurtadas, alongadas, e assim se vão.

crescendo, diminuindo, dançando no vento gordo
meio nêgo, meio castanho acajú.

e o negume
esquenta a nuca da moça
que quase dança perto do menino torto.



              [a flor e o verso se encontram
               às vezes para fazer poesia.
               29.06 às 20:34]

eu fico

reine silêncio
- sábio silêncio.
grite mais alto
- simples silêncio.

e me ilumino
refletindo
à flor da pele
minha cor.

refletindo,
iluminando
a flor que abraço
com o coração
calmo que me foi dado.

rezo,
com fé.
e minha alma canta
quieta.
berra calada
- olhando com dor
as incertezas
causadas mim mesmo.

mas, sei de mim.

saio de mim
quando devo
e me torno etiquetado.
quando devo.
quando sou posto
diante dessa liberdade;
desse sorriso
que se abre na flor
quando lhe chamo de cheirosa.

e vou até ela,
com calma silenciosa
e intensa
- só quando ela
se abre pro meu lado.
- só quando suas pétalas
roxoavermelhadas e aveludadas
também me afagam.

com calma silenciosa!
com intensa simplicidade!
com os olhos saltando,
e o coração pulando.