quarta-feira, junho 30

lis

o bojo daquela manhã,
que emerge até hoje,
sabe bem como sou silêncio.

sabe sem ter que ouvir
línguas arcaicas,
e me sola o giz.

diz, flores,
o que querem quando
do sol são filhas,
rodopiando durante uma valsa de arco,
mais que os casais do salão.

tomando luz como vida,
sugando a força de águas  perplexas.
anexas da mão da terra,
como dedos,
unhas dos titãs olimpicos,
que são aparadas pelos tolos de macacão,

que não sabem bem ao certo onde a curva verde,
dos florais mais belos, vai dar.

um vestido pro chão,
de bordados clorofila.
daquela manhã de ressaca,
que acordei e vi pétala ao lado.

ser

pelos homens
e mais seres,
serei total adepto.

credenciarei meus belos
pelos belos de viver,
pelo menos hei de sentir.

me repito frases
e frutos salgados
que saudam prosas nupciais.

um par de consoantes
destonadas, desbotadas.

pelos homens e mulheres,
moças de folhas claras,
pecarão em nome da língua.

sabotearam os cristãos
os cristos
e os seguintes infernais.

em nome dos adeptos,
serei homem e mais.
nativo da letra que vos corre.

que faz a correnteza em maçãs,
vazar por cavernas o muco do sentimento.

choram-te os olhos
devaneios à esmo.

e a fulgaz esperança
me dá de amor
o aberto do abraço,
que ecoa,
toda vez que sou.

terça-feira, junho 29

onde está meu dicionário?

vejo palavras,
cobiçadas,
o vocabulário que
nós, poetas da vida,
cobiçamos pelo andar.
pensamos ter,
mas não temos tinta
suficiente para escrever.

palavras azuis,
imagens de nossos sonhos.
que não contamos para ninguém,
se não, não acreditariam em nós.

flor de maracujá

olhe bem em meus olhos
que acabam de acordar pro sol,
para mais tortura numeral.
os visto com um pouco de carência,
preguiça e luz.
fico pesado, sem decência para sair do leito.

minha porta de saída,
ainda fechada,
me implora companhia,
pede-me para ficar, sem marasmo,
sentado ao chão, criando mais.
de janela e mente aberta,
à luz do sol matutino,
morna e confortável.

hesito o pedido.

calho a descer degrais
mancando os pensamentos,
sentindo larica de mundo.

vejo entrar pela porta da cozinha um vento comprido,
frio, doente.
exatamente como meu viver durante
a dor do dia.
que dura o tempo do sol.
e há de acabar com o nascer da lua.

porém, esta está longe
e demora para acabar a gestação lunar.
espero quente ela nascer.

a cada passo,
sento versos no asfalto e passeio.
na rua, sei que posso olhar o frio
com meus próprios olhos
dar-lhe minhas próprias idéias,
sem paredes sufocantes me prendendo,
me ardendo.
na rua, livre, sei que sou.
e sei que posso.

o guardo para mim,
sem receios e anceios,
sem medo,
medo este que tanto me atormentava,
batendo sempre à minha porta.

me sinto leve.
sem dores,
quando transpiro livre, livro.
pelas vielas azuis antigas,
à sombra de maracujás
com em fatos de infanto sorriso.

bom dia, flor
como vão as torturas
que perambulam por aqui?
flor de sombra fria, azul
fruto de doces desejos,
adubados até mesmo
pela desgraça dos pesadelos mundanos.

me sinto pesado novamente,
quando saio da sombra do leve
e vou para o castelo dos inquisidores,
ábades da minha melâncolia.

império dos assassinos,
criando novos matadores,
gerando mais dor e agonia.

mas me amarro à mesa,
e decolo meus sentidos gastos
em direção às linhas.
tento fugir pra chuva, mil vezes mais.
e divago, navego, vivo, na tinta negra e folha.

sorrio ao ver o escuro chegar.
a noite, mãe, acolhedora,
de minhas lágrimas, que corta minhas dores,
surge como amor.

minhas porta de saída
vira-se em alegria,
calmaria.
sutilezas me bañam e pairam sobre o lençol.

me visto de vontade e
saudade.
uma nostalgia emerge
em notas queridas que voam
como água quando de boca de sol.

à noite, me sinto filho,
vivo pela lua, escondido
em crateras azuis.

meu leito me chama.
espero meus pés esquentarem,
e fecho o ver, criando meu falso céu.
e quase desejo não ver o outro amanhecer.
quero o sonho, vive-los na noite,
onde quer que seja.
quero o azul mais perto.
sentir o repirar perto e quente,
inalar os gases lunares,
e ser vida.

quarta-feira, junho 23

cresca aqui, ó, lírio

escute as estrelas,
tão sábias quando amadas.

escolha uma,
que escrevo à ela mil versos ,
tentando ganhá-la para ti.

não tenho certeza dessa verdade,
mas uso todos dicionários presentes
para escolher palavras gordas
e cheias.

palavras transbordantes,
como chuva em seus olhos,
como folha do pé,
que cai da árvore da qual
sonho ter a sombra sobre as idéias.

frutos me caiam na mão,
de sua copa,
me deixe ter lenha de você,
para me aquecer no marrom de seu ser.

sede de ter tudo,
que agora me é normal,
e para o tempo quando sei que está dando flores.

roubo aos poucos estas,
e vou montando-te aqui ao meu lado.
falta raízes e folhas.

fica aqui, o cheiro e alma,
do sol da manhã, do poente sol da tarde,
da lua da noite.

fica aqui, olhando-me as estrelas,
sinta-me como pássaro,
roubando-te o doce da flor.

segunda-feira, junho 21

tempo

me dê a lua
que enterrarei em crateras mil
um coração vermelho maravilha

onde está?
ó, soberano?
compondo mais destinos,
sendo guia de outrém.

como fica?
se te respeito,
mas não aceito,
por seres assim, tão señor bonito.

conde dos sonhos,
até dos sonhados por desgraça do ópio.

te escrevo desenhos belos,
e te deixo mais vivo,

e ouça :
não me esqueça,
me dê prazer preciso,
para jorrar d'água
a sangria do meu correr,
da minha pressa.

sei que não devo temer,
e ser calmo é o que me cabe.

mas o vinculo aflora-nos
a angustia temporal.

pelo menos à mim,
os pelos sobem sob o ser,
trepidados de frio no ventre.
adrenalina dura e que custei para encontrar

mas achei nesse samba.

nos dou silêncio

encarcero pensamentos
no sabor dos papos e abraços.

laços de vogais distonais
amarram-me consoantemente, e
me sinto estranho por mais uma vez.


tendo por estranho
um cuitelinho voante,
um azul rastejante,
um olhar sangrado,
e deliciosamente desejado
pago mil letras
tortas
para me prender novamente,
caso seja libertado.

pago mil sorrisos
para ver de perto
o xerife de meus versos.
pago à lua,
o sol, o dia e noite
para continuar transpirando mais denso.
para continuar sendo livre.
sendo eu. do jeito de ser.
e não auscultar o coração dos ignorantes,
e sim escutar somente o silêncio
que tanto achas impossível.

mas eu te dou o silêncio, se quiser,
silenciando sua atenção à terceiros,
olhando seus olhos negros e profundos.

domingo, junho 20

deite ao chão de estrelas

nessa boca de estrelas
vivo, viveremos para sempre.
embotados de adjetivos medievais
e pseudônimos.

sabemo-nos o suficiente
à eclodir sãs vaidades cabiveis.

sei-nos o suficiente
à me deixar ser,
a nos ver-nos sorrindo.

lagrimo mais um copo
e cozinho fora meus alheios.

complico-me ébrio
no poente solar e
jogo fora meus duos antigos.

sinto sua mão
me pegando
e sabendo meus pensamentos,
como se tivesse cerebelo,
na ponta dos polegares,
coçando minha instiga
e colhendo meus desejos.

leva-os contigo,
trate-os como me trata.
e cuide bem de seu céu,
com manchas brancas
e verdes azuis.

amarra-te o velho pano azul
e lembra-me de ser seu.

sexta-feira, junho 18

verlaine

me vejo na platéia
encolhido, de preto sujo.

olhando pro lado, sem prestar
atenção no triste fim.
prestando amor ao começo,
às vontades, ao banco do lado.

sonho com essa fileira e com toda
a acústica do anfiteatro amado
ecoando meus versos pensamentos,
rodopiando pelo palco e dançando em nós.

me vejo,
me vejo,
pousando como ave,
no ensaio sobre o drama prostituto.
querendo pisar em tudo,
e bater minhas asas fortemente.

levanto.
acaba a peça.
e pego a mão,
nossa mão, uma mão.
sem dedos.
um bloco de pele sedenta
balançeando para frente e pro lado,
andamo-nos pelas crateras lunares,
claras e macias.

sento.
sinto a mão quente.

penteio cabelos,
com os dedos,
para fora dos olhos,
fundo narizes, e olhos secos e cegos.

quero ser lua e sol do meio dia, novamente.
por enquanto sou invasor,
rato na parede,
vigiando de longe o agora.
me escondendo quando devo,
me exaltando sem querer
quando dou o bote das letras.
minhas armas roedoras, as letras.
uso-as de bem,
de bom,
querendo bem,
sendo bom.

posto dois ou mais selos,
com desenhos recheados de azul.

esperando crer no futuro que
esperamo-nos.

esperando findar na verdade
do agora
a loucura do que vem ao nosso encontro.
vem como amigo amor.

pensamento aleatório do inexistente Arthur nº 1

     Na seca, abro a azul geladeira, fedida; esquecida pelo supermercado. Procuro a mais gelada água para me molhar a garganta feita seca, pelo conhaque.
     Talvez eu nem lembre de como vim embora, mas sei que lá estavamos ouvindo algum blues setentista, rodeados pela fumaça do ambiente e pela luz baixa. Umas velas na mesa. Porra! Sem água gelada. A do barro me serve melhor do que nada. e meu fígado solta seu bafo em minha boca. Não adianta escovar os dentes por cinco ou seis vezes. Cadê o cigarro? Ahh, esse não acabou. Acendo um e me sento à tevê. Um jogo escroto ilumina minha cara e cabelo bagunçado.
     Hoje é sábado.
     Já que surgem pessoas aqui. Talvez nem sejam desejadas, todas, mas aparecem mesmo assim. Agora é o que? Três da tarde? Talvez. Vejo que o dia estreiou sem mim, e me afundou no sono e ressaca matinal. Acordei trezentas vezes pela manhã com o galo filha da puta gritando na minha janela. Como se quisesse me acordar. Só eu, só eu ouvia. Cóóóóóó... ACORDA!!!!!!! ACORDA ARTHUR.!!!! E ainda por cima era desafinado. Errava suas chulas notas de bico, e engasgava no meio do cocoricojar. Nem isso sabe fazer.
     Creio que lá, antes do galo, da ressaca, do blues, e até mesmo do conhaque, dois cidadãos me convidaram para uma espécie de banda. Aqueles bacanas que você conhece há anos mais nunca lembra o nome, mas se julgam seus brothers. Talvez o Ramirez, ou Sabino. Não sei. Sei que aceitei. Várias vezes pequei dessa maneira, quando olho de soslaio as propostas e quando vejo estou numa garagem ou palco destruído. Pegarei uma cerveja. E nesses palcos, bêbado acabo por terminar as músicas sem emoção alguma. Fico só pairando nas cordas, desatento. Mas sempre tocando em alguma banda de merda.
      Daí me entorpeço infinitamente e caio na risada com dois ou mais amigos.
      Tenho que para de levar essa vida à la Novos Baianos FC... Tirar o pé do teto e por no chão. Firme.
      Outra cerveja, outro cigarro. Outro gol. Puta merda. Que jogo horrendo.
      Quem é?? Quem será que é? Eu quem, inseto? Entra Bira.
      O Bira sempre veio aqui. Nem sem onde o conheci, mas vem aqui, acho que antes de mim. Tão sequelado que acho que nem percebeu que o dono do apartamento mudou. Avoado, vive viajando, brisando com cadeiras e coco de cachorro. Cadê o Chico? Chicooo, vem menino! Vem, vem.
      Ganhei o Chico no ano passado, de uma menina namorada escrota. Ele foi e é melhor que ela. Menina desgraçada. Me fodeu e me deixou só, nessa merda de apartamento. Sujo. Ele é pequenino, o cãozinho. Pelos curtos e marrons e brancos. Ontem ele vomitou mais que eu, hoje.
      O Bira inventou de dar amendoim pro coitado. Bira! Pega mais cerveja lá.
      E ai, Malu? Puta que pariu. A Malu sempre veio aqui também, mas antes ia na minha outra casa, e não aqui. Sempre junta de mim. Vivia cantando com sua voz de lua cheia. Mas anda rouca e doente, sempre.
      O jogo acabou.
      Antes da ressaca, da água quente, da geladeira velha, do conhaque, do blues, do bar, teve outro dia ruim, igualzinho este.

quarta-feira, junho 16

agora

abro o espelho,
sujo,
curtido.
vejo esse reencontro, queridíssimo.
e meu peito arde, como toda vez que vejo

minhas marcas d'água
correm nesse rio,
que nos encontramos na
margem certa

e no reflexo,
vejo-me livre de pensamentos tortos
e plano meus sadios.

miro de soslaio,
quase sem ver,
outro criado
desse nosso mundo esquecido por nós

que nos matamos entre nós
de sorrisos momentâneos,
que fogem quando há adeus
e se fecham na nossa prisão
torturante, no planeta morte,
nas cabeças rochas que são nosso
mar.

somos ilhas.
perdidos em meio
ao bombardeio de desilusão.
e meu espelho se quebra.

terça-feira, junho 15

ma lune

a lua, quieta
me olha, longe.

me aperta com a luz
e me deixa
sem membros.

jogados ao chão.
derretidos,
juntos à meus olhos

ajude-me a recompor.
não meu físico.
mas meu intelecto,
sentidos,
fala
e visão.

os perdi,
nessa distância que vivemos.

se os achar, guarde-os para ti.
numa caixinha.
faria o mesmo, com alma e corpo.

segunda-feira, junho 14

criado falante

abro meu criado,
cheio de sentidos.
e apanho os mais confortáveis
à minha conjuntura.

visto uma calça
de saudade, bordada calmamente.
inteira chorada, cozida pelo tempo.

coloco um cinto,
para segurar essa saudade imaginada,
que não sabemos como existe.
e sinto prender-me o ventre
de cores.

abotôo as linhas da camisa,
azul, criada de estrofes livres
a ti dedicados.
a gola dobra-se num diminuto
verso recheado.

enfim,
calço meus óculos,
grossos.
transparecendo meus todos todos outros sentidos.
verdadeiros e em sanidade.

tento, agora,
te vestir.

quarta-feira, junho 9

vem brincar

algema-me o tempo,
em sua longa presença
concava no meu quarto,
quase plana.

uma boa noite escaldante
está no portão.
- vem cá, vem brincar!
exalta meus sentidos,
o frio e o estresse mundano.
aflora-me o sangue
sem doer um tico
e ilumina minha decadência
transcendental.

tomo uma dose da cristalina
e calho a fumar mais um gole.
roubo do vestido colorido
mais um trago.

me algeme, pois.
junto ao seu tempo,
em sua longa presença querida
quando olho nas pontas do dedos
ou no céu, à noite.

acorda, maria bonita

 Há quem acorde de mal, soturno. Não!! Creio que seja a maior parte do moradores deste mundo cão,
mas existem também os que estão do meu lado, que numa bela manhã de sol, ou chuva, ao abrir os olhos,
vêem motivos infinitos para sorrir graciosamente ou fazer um café sem resmungar à coitada da água fervente.
 Vejo o acordar como uma prova do dia vivo, pulsante,onde talvez seja livre passear com todas suas indagações
mundanas, por mais obliquas que elas sejam.
 Vejo o naquele momento ( quando meu quarto se forma lentamente; quando passa do preto para o branco, e este
vai ganhando formas de cadeiras, tevês, mesas e estantes; quando levanto rápido e sinto uma leve tontura e uma
boca grudenta e sedenta ) formar-se o meu eu. No simples fato de acordar está meu impulso para fazer certo durante
o dia, como fazemos nos sonhos.
 Fico feliz por acordar bem e fazer certo meus desejos cotidianos, pois quando for dormir, meus sonhos serão
como continuação. Uma faculdade para meu próprio entendimento. E nos dias que me esquecer deles, não terei outra chance
para tentar.
 É belo acordar e dizer bom dia com a bochecha enrugada.

segunda-feira, junho 7

reino de paz

ó, menina feliz.
roda à minha retina
vestida com um vestido colorido
cigarro ao peito
nos chamando pra uma overdose
de uma saliva que já secou.

atrasado nos correios,
parando pelo caminho
cantarolando pelos botequins
infinitos de nuestra estrada.

ó, menina feliz.
deixe minha cabeça errante
te invadir - meu império!

me de a graça de ser mais.

um céu turvo

escolho minha roupa azul,
listrada
para tal ocasião, monocromática,
única

me sinto, dificilmente,
aliado de seu sorriso,
me sinto coberto pelo seu cachecol cinza,
cheio de pêlos do rei do passado,
sinto o cheiro da lua,
que vejo em minhas unhas, sempre.
sinto o cheiro da lua
no meu céu escuro de olhar.

sem nome

o tardar,
            quente e dissimulado
            me encontra no infinito, creio.
            assim me tangencio a terceiros
            para esperar

a manhã,
             a manhã do dia que vem
             é aplaudida com quatro queijos
             e bourbon de sorriso
             engarrafado há semanas atrás
             mas curtido centenariamente

a noite,
           do dia que vai
           é despedida sem querer
           aponsentada num baño ou sopa
           quente e dissimulado.

alimento para o ego número um

sei que como dor
sou fraco o bastante
para nem precisarem de remédios.

apenas deixar de lado, cura.

mas sei, também,
que teimo como parasita
e mesmo morto, dentro de meus hospedeiros
continuo lá,
pra apoquentar meus bens

catraca

me esponho, nu.
pairo no espelho
de meus globos,
e nada existe, agora.
vivemos, pois, em sonhos de imagens.

minha janela guarda
para si, a desgraça
parece que quando chego
ela se fecha sozinha
não me deixa
escolher,
colhe pra mim,
e sempre aceito esse fim:

pois é belo e cheio de graça
numa boa noite de insônia colorida.

e não quero, também, causar
outro qualquer além do nosso.
além da nossa espera.
só isso.
assim, pinto nosso estandarte de azul.

minha janela embassa

deixa-me pintar com meu nariz.
ser feliz
e desenhar minhas humildades!
saudades não quero ter mais
e, assim, jogo fora o bilhete.

falsete de meu sonho
continua insistindo.
mas fico bem, decidido.

flutuando ebriamente
sob minha própria mata,
com velocidade dos anjos
piscando meu silêncio
em três passos mais.

quero ter meu próprio
jeito de me mostrar,
de queimar os feiticeiros.

comço assim, a cansar
levemente de meu baião.
quero acordes novos,
diminutos

o amor tem que ser reinventado

meu corpo
feito furacão,
jogado ao ar,
em meu berço.

levanto minha direita
e levo o tiro.
faz um buraco em minha mão:

- por onde vazam
meus pensamentos
e vou perdendo minhas
idéias azuis.

domingo, junho 6

poema 2

nasci por defeito
da maldade do menino infeliz.

da parte que não nos olhou.
destinado a padecer sob
a superfície intacta da água

energicos milhões bateram em minha cabeça
em busca de alguém,
mas abro só para quem desejo querer.

não quero me entender, nem que entendam.
me esqueçam, pois.

mas não por completo,
nem por quero ser por todos,
mas por quem nem tá aí.

quero só os meus bacanas
a literatura, a matemática, as letras,
as pretas, o desenho, a saúde,
e o sol francês.

brisa da manhã

sinto o calor
em minha alma

querendo, 
              sair toda descompassada
              rodando mais que o disco
              e minha cabeça.

que me esquenta
por dentro da cuíca

gritando,
             e me embriagando
             com notas agudas e sobressalentes
             na demência do ser um
             ser de amor

novas mudanças
vão acontecer dentro de minh'alma

falando,
            assim com certeza do que digo
            o calor se prostitui no presente do futuro
            embalada na carne seca
            pela constatação do sábado.

vive, em mim
o gostoso do sentimento,

abrindo,
            os meus lábios
            no sorriso quente e de meus dentes
            acesos para verlaine.

sexta-feira, junho 4

há muita kriptonita no ar, verde e vermelha também

vejo a chiquita bacana
buarqueando pela augusta
e sabendo da diretriz amada

sangrando expressões elétricas
chorando-me o olho e mente
e sem cameras para sorrir
mesmo tendo motivo
de abrir a boca vermelha

e os olhos.
Ah...

e já no firmamento do que é,
descobri a beleza dessa música
que foi na lua que vi.