quarta-feira, julho 28

meu sofá

sinto a maioria pensante,
a rua esburacada,
a desconstrução,
a timidez,
a espuma do café,
os números da bolsa,
o entendimento da hipocrisia.

sei que estão sentados aqui,
ao meu lado.

filha das cinzas

sempre que a importância
me invade, me sinto como estou.
cheio, gordo, fluente, sorriso.
mas hoje é diferente.

hoje me sinto no agreste,
no sertão morto,
na terra falida.

engolido por fênix,
brotada de meus próprios sonhos.
que me arranca a pele,
e me planta suado ao seu próprio sol sertanejo.
queimando meu corpo,
meu cérebro,
meu ser,
meu eu mais belo.
ser belo, que pode lhe ser útil.

mas,
quer fogo, mais fogo.
por ter vindo dele.
quer o calor lhe invadindo as ventas.

[não digo que isso me atrapalha, que faz mal,
ou que ao menos ligo...mas,
sou sincero].

pavão misterioso

umas imagens
me chegaram ontem.
duas delas, mais foscas que a própria vontade
de ser.

de onde vieram, não me contaram.
mas espero que seus perfumes sejam verdadeiros,
mesmo que descompassados.

uma delas é vontade,
e a outra pode, pode ser paixão.
e elas vêm do fogo e cinza.
para me borrar mais a visão.
para anestesiar minha mente e saliva.