quinta-feira, junho 30

talvez.

talvez o tempo
não seja tudo para se agir.

talvez seja um misto
de tempo, com abraço,
com riso.
com olhar.

talvez o tempo sozinho
leve uma vida para agir,
sendo que qualquer ação
pode ser vivida, e não tão aguardada.

talvez seja uma sensação estranha
de mãos dadas com o tempo
e com o abraço
e com o riso
que faça o sol nascer.

e talvez esse sol pode nascer
com uma agulha em mãos
pra, devagarinho e com muita sabedoria
perfurar uma bolha de desilusão.

talvez seja tudo isso,
talvez seja mais.

mas esse 'talvez seja'
só virará um 'é' com a ajuda
dos nosso desejos.
desejos aliados ao tempo.

aliados.

quarta-feira, junho 29

maquiagem da terra

Tanto tempo de sol
Tanto fala-se do sol
Secaram-se minhas lembranças da chuva
E quando chove,
A água que cai,
Deixa o ar brilhante.
E como se fossem
Rostos de mulheres

As folhas se maqueiam
De gotas douradas.

Gotas de chuva que,
Vindas do céu
São fragmentos dos deuses;
Líquidos divinos.
E por esse motivo
Quando chove eu choro.
É o carinho de Deus
Nessa pele seca de sol.

         [e é das amizades
          e da sinceridade
          que sai a poesia]         

terça-feira, junho 28

caos, preste atenção, pois és amor

caos,
       que tanto atordoa o passado;
       que desenha de novo, à tinta,
       toda tormenta:
       - por favor se acalme e sinta.

vire,
       e sinta mais. seja mais sincero
       e se apague! pois sabe da dor.
       sei que sabe!
       e não há neblina que te cegue.

amor,
       tenha calma.
       e não tente pular ou quebrar muros!
       não afobe nem afague meu ego.
       não venha pro meu lado,
       por que só eu, sozinho,
       posso te enxergar.
       e assim, ser pleno.
       e assim se dois.
      

segunda-feira, junho 27

era letrada

nada de preguiça.
saia da vida versada
pois não há palavra cansada,
não há verso que senta e não levanta.

só há liberdade grande
e vontade de mais.

e, por outro lado,
é ´mais uma ligação.
mesmo que não sejam
tecidos comentários,
mas os versos se ligam
e o entendimento se encontra
em conversas e versos sinceros.

retrato preto e branco

tinha um e tinha outro
tinha dois juntos
e depois separados.

tinha riso trocado
e abraço apertado.

tinha calor de intriga
e frio na barriga
e depois teve o fim.

teve recomeço
e teve abraço
teve beijo
e teve laço.

teve choro
e teve outro fim.

teve tempo
teve solidão
e teve outros
e outras.

mas
agora pode ter amor.

sexta-feira, junho 24

charlatão

olhando deste lado é horrivel terminar uma quinta feira fria dessa maneira.
sufocado dessa meneira. esperando que algo aconteça. esperando a música terminar.
é bom quando você nem liga pro fim ou começo, para o nome ou duração.
é bom quando simples e naturalmente acontece essa mágica apaixonada.
- é amor.

[e, como pode, uma simples notícia causar tormenta?
agora sim, tenho certeza que amo]

quarta-feira, junho 22

peso vivo

sinto suave.
ser não é mais fácil.

não é simples
e pronto.

sinto peso.
e que peso
é mais pesado?

mas,
mesmo pesado
é querido.

vida pesa
na cara das pessoas.
puxa para baixo a pele
e o resto é esquecido.

vida pesa
mas pode realizar.

segunda-feira, junho 20

feira livre

é segunda-feira de saudade.
feira livre de solidão.

e como pode uma carência se grudar no cérebro
e fazer o olho tremer? fazer o coração girar dentro do corpo.

e pelo jeito, não vou chegar no fim dessa rua
até o fim do dia
ou até a bolha estourar,
até sentir o cheiro da minha terra
até abraçar minha mãe
até ir para o céu.

é uma feira geral.
mas algumas barracas se destacam.

e depois de prosas maravilhosas
depois de aceitar todos mal-feitos do passado
fica díficil não parar na maior das barraquinhas.
- toda colorida, com música alta, samba e dança.

mas, realemente sinto que talvez essa barraca
seja a que esteja mais próxima do fechamento.
NÃO!
sorrisos vão faltar.
e será em vão o nosso entendimento.


sorrisos vão faltar
e não terei mais a melhor das feirantes.

segunda-feira, junho 13

samba rasgado, bem ritimado?

saí da sombra na qual eu sufocava o entendimento
e a simplicidade que é conversar com o espelho.
espelho invertido, oposto e todo dançante.
nele, é como se meu reflexo se balançasse enquanto o olho
e ia dançando, mexendo e sambando
embaixo do meu nariz e não eu não era capaz de acompanhar.

talvez seja tarde.
ou, talvez, agora seja a alvorada,
o começo do império bom e sereno.
talvez seja agora.

fui pra luz.
a mesma luz que passava por tudo e me deixava na sombra.
mas do outro lado [deste lado] ela é branda e gentil.
é calma e sem mentiras.

fui pra luz.
luz que gira o disco e toca os sambas favoritos.
que aumenta o volume na hora exata e encaixa
o balançê no amor. e faz uma nota se virar em melodia
com a delicadeza de uma flor.

domingo, junho 5

haikai da mulher distante

onde estão aquelas notas?
estarão perdidas em outros instrumentos
solando seus amores em outras escalas?