quinta-feira, abril 22

azeite.

Para mim existem dois tipos de pessoas :
Existe quem gosta de azeite e queijo e existe quem não gosta.
Os pró-azeite possuem aquela malícia boêmia de ficar bebendo nalgum bar com outros pró-azeite.
Os não-azeite não possuem. Não que sejam infelizes, pois conseguem suas felicidades em outros aperitivos. Mas não possuem o extra-felicidade. Extra-felicidade de degustar o divino da azeitona juntamente com leite curado. O simples fato de comentar sobre os tipos de queijo, temperados com o melhor dos azeites faz uma pessoa soltar um sorriso de boca cheia, torcida para o lado junto de uma testa franzida e um par de sobrancelhas tortas, porém sinceras.
Os não-azeite comem o amendoim, o salgadinho, um bolinho de bacalhau, pastelzinho de milho...mas esquecem da azeitona, do vinho, do gorgonzola e de outras cositas a mais.
Gosto deles, claro. Muitos dos mestres mundiais eram e são não-azeites.
Quem sabe se eles fossem pró-azeite, seriam reis, imperadores da mesa de madeira, além de senhores de laboratório.
Os pró-azeite dançam e redançam as melhores canções. Transformam qualquer lugar no paraíso.  Com, somente, um violão, uma voz, um queijo com azeite e uma penca de amigos pró-azeite.
E o que falar de um dos melhores doces já inventado: Romeu e Julieta. Uma fatia de queijo branco coberto com um rechonchudo pedaço de goiabada cascão. Surreal. (tente com gorgonzola)
Os não-azeite temperam salada com óleo de soja, ou girassol.
Experimente o azeite; e rale parmesão por cima do alface.
Existem pessoas que vão a um bar e pedem um sanduíche!!!!! Não nego que mata a fome.
Mas a essência do botequim vai pelo ar junto com o cheiro do hamburger, e não fica na mesa e nos seus frequentadores como o aroma suave de uma pizza quatro queijos afogada no amarelo azeite.
Penso isso.
Azeites, e não azeites.

hei de dançar contigo, sua dança marcante

quando dei conta
já tinha acordado.
decidido na infinidade de desejos
peguei um , amarrei uma ponta na outra
enrolei e guardei dentro da caixinha de chocolates franceses.
tento não terceirizar as emoções,
não chorando no colo alheio.
escolho novamente o o colo roxo.
o roxo da parede e lençol, e lembro
da nossa aula. isso : aula.
olho agora pra frente
com o queixo fechado
esperando que as coisas acontecam
dentro de nossas normas.
escolho o seu colo
que estava substituído por um poço de sal
e pétalas sujas e rasgadas
maschucando meu ouvido e peito.
escolho o seu colo,
que estava substituído pelo dejeto de nosso olhos
chorando sem parar, nunca acabando com aquela agonia.
escolho o seu colo,
que estava substituído pelo meu dedo mais feio
e minha caneta e folha mais doentes.
mas vejo no seu colo
as linhas se formarem novamente, coloridas
e saudáveis.
escolho o seu colo,
sabendo que vou estar confortável pelo tempo que for;
tempo no qual o poço de pétalas cinzas
se tornará, novamente, nosso jardim.
escolho o seu colo
onde escrevo intemináveis versos
para fitar no seu rosto a alegria dançante.
escolho o seu sorriso
para dançar comigo a minha valsa vital,
quando eu estiver sendo julgado pelo que fiz.
e vou fazer.
escolho você,
você para me dar seu sorriso tocante,
pulsante na minha bochecha
fazendo-me sentir a vida nossa,
o sangue, indo e vindo
levando para todas partes do corpo
essa nossa paixão
paixão pulsante.
pintando o chão com seus passos
e soltando minhas notas e letras pelo ar
misturando-as com seu cabelo, rodopiando na sala
embebida no suor da dança que dança sem pensar
confundida com a melodia e tropeçando nas minhas palavras e música.
escolho você,
para pensar comigo
e ligar minha outra metade quieta e sombra.
hei de dançar contigo, sua dança marcante.
vejo meu soluto indo embora
com um sorriso corporal fantásico
talvez escrotando sentimentos alheios;
meus sentimentos.

que já foram outros
que não são mais
estão[estou] perdendo a cor
densos e anorexos
sinto o caminho pelo ar
a coleção de palavras
voando rápido e decidida

chega com o lado duro
no intelecto enfurecido
que lacrimeja e puxa pra fora
o sorriso e bobisse

me inibe do perdão
e senta longe
nos braços quentes do amor
com a cabeça queimando

choque mental,
mas talvez melhore o vocabulário
e dê vontade de coisas melhores.