quarta-feira, junho 16

agora

abro o espelho,
sujo,
curtido.
vejo esse reencontro, queridíssimo.
e meu peito arde, como toda vez que vejo

minhas marcas d'água
correm nesse rio,
que nos encontramos na
margem certa

e no reflexo,
vejo-me livre de pensamentos tortos
e plano meus sadios.

miro de soslaio,
quase sem ver,
outro criado
desse nosso mundo esquecido por nós

que nos matamos entre nós
de sorrisos momentâneos,
que fogem quando há adeus
e se fecham na nossa prisão
torturante, no planeta morte,
nas cabeças rochas que são nosso
mar.

somos ilhas.
perdidos em meio
ao bombardeio de desilusão.
e meu espelho se quebra.