quarta-feira, outubro 6

minha coroa de espinhos

os espinhos de fogo
que vagavam soltos por lá,
me enfeitiçaram de traição.
uma víbora de vestido azul
e de asas e olhos pintados.

corra,
pois teu corpo se aproxima da cova
se imagina como verme no chão.

estes epinhos
de derradeiro luar
esperam o sol sair
para secar e apodrecer minhas idéias.

morte

não é por medo
ou solidão;
não é de sede
e enem de fome;
não é com frio
ou calor;
não é só
nem acompanhado;
não é agora
nem depois;
não é de susto
ou surpresa;
não é aqui
ou lá.
é tudo, mesclado.

só sei que
é por desapego,
por despaixão
de alguém acima dos sonhos.

sei que é durante o tempo todo,
e não ontem, ou amanhã.

sei que é certeza e não surpresa.

não é por medo,
mas o é em sua essência,
é o medo da solidão, encrustado no vazio.

é a carne,
padecendo à outros poetas,
poetas da terra,
da melodia que é morrer.
é, realmente, ser parte de algo.
ser o chão de seus filhos.