terça-feira, agosto 28

vem menina
como mulher que é

que daqui
vai o homem
não o passado
e pisado
infanto

vem
que com o coração
refeito e recolorido
não há nada menos
que o verdadeiro bem
- não a velha e já vista
ilusão deste

tire o breu dos olhos meus

me surpreende no olhar,
fundo e promundo
sintonizando, alinhando
os olhos as cores
as verdades
sobre amores bem sonhados
sobre tudo isso
que agrada a sanidade

me esclarece o mundo
na ressaca da loucura
e traceja rastros palpáveis
- mas não deixa quieta a timidez,
pintando solvejos no ar

não demore pra volta
que
não resisto à tanta cegueira
não reflito se na alma
não alcanço suas notas

por favor não demore
vamos nos levantar e saudar!
e nossa mãe deveria saber
do calor do peito
e da calma na alma
que guardamos
só com nós

terça-feira, julho 31

capitão pimenta

quem me vê assim?
eu me vejo,
no espelho me vejo

quem é que vê
assim com a ardencia nos olhos
com as pontas todas aguçadas?

- quem vê pairando no macio?

quem vê que a alma grita?
no desespero e na necessidade
de se erguer?
quem vê que não há como
não acordar na companhia
de uma alma amiga?

quem precisa de algum amor?

quem me vê assim?
quem crê nas mesmas luzes
na mesma competência?

eu me vejo assim.
me vejo no espelho,
profundo reflexo
de seus próprios olhos.
quem me vê assim?

- e quem não é assim?

quinta-feira, julho 12

quando presto atenção
vejo o silêncio proseando,
suspirando baixinho
memórias agradáveis
na minha frente

e elas encostam
suavemente
como brisa
suave
no rosto
como se fosse posto
diante diante
de olhos apaixonados
que não conseguem
desviar o olhar

o vento chegou
trazendo boas novas
sem causar outras
ventanias
- somente bossas
sambas risos e boas intenções

e quando me deito,
onde for,
fecho os olhos
e eles saem voando
passando por memórias
lugares carnavais
frevos tangos
sombrinhas agradáveis

e vejo ao longe
- colorindo as ruas
e os ares -
rodopiando no compasso,
a infinita dançarina
a melemolente
e agradável menina.

segunda-feira, junho 18

labirinto

o chão;
casado com os pés
da moça
como se laços
lacrassem a paixão
pela terra e pelo movimento

a parede;
superfície confortável
pro verbo.
caminho que deixo
rastro que entorna
as cores perdidas
afim de alinha-las

um labirinto lúdico
afortunado pelas diversas
tonalidades e pela
gentil vontade de agradar
- um labirinto
que ecoa versos e notas
provocando a dança;
atiçando o íntimo

e nesse caminho
cores, tons e sinceridades
flutuam em um mar
ainda não descoberto,
mas que se abre pro novo
e deseja ser mergulhado

(a menina dança
sob o mar, gira nas ondas
e se apoia na maré
enquanto a água
sob seus pés
vai se colorindo de poesia)

domingo, junho 10

atirador

sou um atirador
com o olho na mira
que faz o olhar
queimar a roupa do alvo

esvaziando o tambor
acerto minha própria sombra
minha própria boca
e já não me importa

sou um atirador
e assim sou
pois não há lugar
e nem tempo
para ser alvo

acerto em cheio
o meio do espelho
dividindo meu próprio
feixe de luz
é a reordem
da desordem

me organizando
para poder desorganizar
com propriedade
minha própria e única
realidade

sexta-feira, maio 11

tem um pote
em cima do balcão
lá da varanda que não
tem mais banco
não tem mais
nem porta pra entrar
não podecomo faz?

tem o pote
que dentro dele
não cabe mais
rebarba não
pode mais
fica rosqueado
amarrado
na parede.

quinta-feira, maio 10

moldura

como faz de poucas palavras
e só vontade
um sentimento assim sereno
solene sereno bem calminho

nos dias quais
os ventos baixam por aqui
a lua azulada tece sorrisos
nos passos
e os traços compassam
os incertos palavreados

como faz
nesses dias dos quais
cianoretratos
se encontram pendurados
- como faz uma moldura
pro rosto;
pros novos desconhecedores?

terça-feira, maio 8

casa


um par

um lar
pra lá da estrada


não vá
negar

se a porta
te leva aberta
pro fundo do mar.

e também
está aberta a janela

pronta
pra
alguém pular.

vai sem medo

evapora coração
domina o espaço
que lhe é dado
que não há motivos
para não.

para não,
sentimento gordo!
se coloca no lugar
do fogo pra se ajudar.

e depois de evaporado
vai indo com o vento
que ele carrega com aptidão
e te trás de volta na hora certa
com a caça.

não se importe em ir
que sempre chove
e você me molha
e carrega meu corpo
com seu cheiro e cor de novo.

um tempo

um momento
pro desatento
muleque
que nem sabia direito
como era a vida que vivia

um momento
pro desemprego da preguiça
pra morte do desajeito

um momento pra mim
e pra todos nós.
pois sou todos
e cada um desses
tem eu no seu meio.

um momento
confortante
um momento ser humano.

um muleque desatento
escrevendo ao vento
o tempo que quer.

com traste

luzes (ou não)
olhos
e ação!

reajuste do
peito diante dos seres
inanimados ou serelepes humanos

rebuliço instantâneo
capaz de naturalmente
organizar e escolher o momento
exato e as poses
que cabem no mundo que vejo

terça-feira, abril 24

poema de perdão

como será que faz
pra não ter medo do que foi feito
como que faz isso
se já está concreto na memória
aqui, ai e lá

como posso imaginar o pior
será que devo imaginar a calma?

justo na hora
que a irmandade é descoberta
na hora que o calor da alma ferve
as gargalhadas.

como faz pra pedir perdão
por algo que, mesmo que natural e belo,
machucou a sutil gentileza de olhar nos olhos?

questiono o vento
por que é torturante, agora,
fazer uma ferida, do tamanho que seja,
no peito de alguém grandioso
calmamente gracioso!

segunda-feira, abril 23

poema novo

é chegada a hora na qual não cabe mais orgulho
dentro da cabeça folgada que ouve e ouve e ouve mas não fala nada.

e a partir de agora não seremos mais esquecidos
não seremos esquecidos pois transpiraremos a vitória
vão escorrer, as mudanças.

vai sair do sonho do poeta a poesia e
essa vai ser o agito da vida; o grito do nosso desespero.
vai chegar na margem da loucura, no equilibrio da sanidade.

não devemos, de agora até o infinito da vida
nos negar junto da podre preguiça que cega o amor
que existe por nossa própria intelecta carne poética.
é a hora de chegar os verdadeiros sorrisos,
nada da pegajosa imaturidade.

os passos serão mais precisos, compassados,
por vezes desalinhados, mas não mais desprezados!
cada um deles explorado como as palavras escolhidas pra poesia.

só seremos amor!
nós.
eu, meu coração e minha mente
ajustados, cada uma afinado em seu tom melhor
absorvendo precisamente tudo que há por vir.

segunda-feira, abril 16

vazio

do que adianta
a minha feliz idade
o mundo descoberto
por debaixo dos ignorantes?

do que me adianta
saber de tudo,
saber da hroa exata
do pensamento afinado?
do que me adianta as cores
formas e fatos?

me exploro fundo
denso no mundo
pesado na vida dos outros.

do que me importa, agora,
o conhecimento infinito
a curiosidade explicita
a gigante cidade?

pra que vale meu corpo?
meu eu torto?

sábado, março 3

declaro

vem de toda essa branqueza
da tez lisa e corrida
- essa meiguice escondida.
da pele e da vontade da dança colada.

faz arte com o sorriso
- quando olha assim, quando só
seu é meu querer e todo esse corpo aqui.
traça e colore as linhas e espaços
que meus olhos fincam o foco.
e os alerta, também, das emergências
que posso ter; dos desconfortos
nos quais posso me ver!

e como tratar seu olhar?
- abismo que caem meus sentimentos;
profundo e confortável!
desejo grande e quente
que põe só a verdade na frente,
pensamento terno, calmo e de boas cores.

essência linda,
cremosa.
tão bonita que o rabo dos meus olhos
abanam de alegria.

medo da solidão

medo da pressão
no fogo, da pele dela!

é o mesmo medo meu
parindo suas raizes,
me cravando na desconfiança!

é um medo do ão.
do grande, do sentimento gigante.
- mas é um medo de agora
e ri dessa saudade, dessa fatidica ausência
do corpo, do aperto, da vida
do sorriso costurado na cara da beleza!

mas esse medo espera paciente
inteligente festeja sua vitória!
mas esse medo, nosso estúpido companheiro,
não sabe o que o espera.
não sabe da felicidade.

domingo, fevereiro 12

não olhar

feche os olhos, agora!
guarde debaixo dos cílios
esse olhar por mais um tempo.

feche os olhos
e sinta,
sinta o que é.
feche os olhos e saiba
e aguente o silêncio
que o coração pode dar seu jeito.
feche os olhos
- que coração pode dizer
ao invés dos lábios.

feche os olhos
e veja nesse silêncio!
cale-se gritando por dentro!
- que meus interiores
já explodem a cada
olhar não visto,
a cada verso desconversado!

quarta-feira, fevereiro 8

chama a mente

co(r)pos ao alto!
chega a hora,
e chega logo, e adora
cada vez mais fundo no peito
mais adentro do centro.

e pegue no colo!
como foda-se
todo cenário louco
e ame (-se)...

no canto, no meio,
na ponta do desbunde próprio.
...a si mesmo e aos versos
que vem junto do vento.

quarta-feira, janeiro 18

flor

bela, das pernas de pinça,
de sentir fina a passagem
despercebida ao olhos
do desconforto
de luz amarela e
e cintura lisa.

- leve,
como leva o vento
folha e desejo.
como a cabeceira
do rio solta água
e leva a vida.

moça, corpo de lança
da alma fervente
que cheira raro
e olha rápido
pelo seus de olhos corça.

terça-feira, janeiro 17

dezessete e dezessete

sinta bem
meu bem, toda calma
todo sentimento
aqui e por ai.

é de apertar a alma,
o ficar sem.
e agora é bem assim
- todo segredo
se esvaindo pelos poros.
e os escondidos
olhares cada vez mais reais.

segunda-feira, janeiro 16

pela poesia quase madura da solidão

vem essa
nesse tal de saber o amor.

como se fosse necessário
vir dessa.

como asas que desafiam
o sol, rebatendo a luz,
construindo sua querida
afrouxando a tensão
no vento que bate forte.

é assim pros dois.
pra duas almas
como pássaros,

onde um canta
seu canto colorido,
sua trova, sua verdade.

onde uma escuta.
e escuta de novo.
perdida em meio a relva
em meio a outras notas.

onde o um
passa o luar e
se espera.

onde uma
pode se querer
e ser a poesia
madura da união

cheiro que gruda e fica

me dá!
deu desespero.
bem assim, desesperado mesmo que ao lado.

dá medo, pois dói.
- dói esse futuro
que não vai ser novo
vai ser a mesma casa.
como se redesenhasse 
o que já disse que não foi o melhor.
como se cortasse as asas,
antes mesmo de baterem

calma...
o desabafo parece
ser ruim quando desabafado
mas é do coração
a oração da alma.

dói, um pouco.
esse louco pensar
que acompanha
o torto andar.

dói,
por que é apertado.
e não pode ser
e fica desesperado
o verso,
a fala
e o silêncio
- daqueles que sobe
no peito, espremendo
os pulmões.

e,
é por querer de mais,
podendo de menos.

alinhe-se com o desejo,
e se quiser, queira.
por que não posso
me trair.
- na espera,
numa possivel futura ilusão.

domingo, janeiro 8

anjo

desculpa, mãe.
se, já, seus calos são meus
se fiz a dor da sua calma
aumentar com meus outros
pensamentos.

desculpa
quando trago a mentira,
soprando a vida pro alto!
- a partir da sua melancolia
apago e recolho todas as cinzas.

obrigado
por mim
por me dar eu mesmo
e me mostrar o peso
de ser mais feliz.

desculpa, rainha
pois agora me renovo
e peço o abraço real
pra te passar a verdade
pois você é amor maior.

sexta-feira, janeiro 6

lírio

foi no nascer do sol
meus pés sentindo
mais o peso.

o peso do corpo
cheio da distância
das impossibilidades
da vontade.

e é assim
já faz dias,
já faz tempo,
já faz beijo
já faz saudade.

segunda-feira, janeiro 2

gentileza sua

chamei os especialistas!
- pra uma casa e um quintal
um quintal de verdade
cheio do amarelo escondido
do sol, que cava nos montes
do horizonte seu berço
e me dá toda saudade.

ele contorna esse quintal
todo! desses de banco
e conversa confortável
desses que ficam
no peito saudoso
nos poucos minutos
da voz afinada.

vem de quintal,
de montes ou mares
vem lisa, poente ou nascente!
mas vem, junta do sorriso da lua
que toma o lugar do sol
só pra poder devolve-lo
na manhã seguinte.