sábado, dezembro 31

estou aqui

me vem soando;
(trans)bordando um
belo tremor
tecendo foco no olhar
- singelo sentimento.

e digo mais, paz...
e dizendo vou me esperando,
me esperando ter
me sabendo ficar bemol, por ora.

afinando o peito cheio,
o seio furado
e a vontade de ser.

que fure meu ser, pois!
que seja ser;
que beije o vento
cuidando, em primeiro lugar!

não minto, cara paz...
dizendo direto
como olho no olho,
de mãos osmóticas,
de conjuntas sutilezas.

e, agora, vou soando
lustrando a calma do amor
pedindo a calma, alma!

mesmo sem fazer jus
ao pedido sincero
me posto adiante,
com gosto e com sonho.

sonho, com(n)tudo
de pés no chão
sem espichar
a perna pro tombo maior.





sexta-feira, dezembro 16

subindo pedras

à base de ondas graves
e duma voz afiada
seguem todos verbos
todos os versos seguem

seguem o pensamento
a delicia que é
tentar entender o silêncio
a conversa d'alma.

e como se seguir,
te levasse ao espelho,
a espiral fluida.

domingo, dezembro 11

creme

e o cheiro corta o ar rarefeito e dificil de tragar!
o cheiro que não sai e vai mais longe.
me faz aliviar o ácido tremor e alinha o peito
aos olhos, à alma.

me acostuma, estranhamente, e quer
que tudo seja fluente, calmo e cremoso.

perfuma o toque no papel
e no corpo, tornando
sóbria a vontade do perto.

e, de pés juntos,
sinto um calor.
uma paz tornando
ébrio o olhar perdido.

pondo num caminho
o coração.


quinta-feira, dezembro 8

par de mãos

é o espaço entre
é uma boca quente,
derretendo o outro.

mesclado com
o coração e o olhar
com o princípio
e a alma.
é intenso
e os olhos
flagram a timidez
do doce e da beleza.

timidez sorrida,
fluida, misturada nas mãos dadas,
e guardadas pros dois.
mãos felizes, pulsantes.

sente antes se alguém sente

veja os olhos
e a vontade guardada
- que passam fatiando as palavras
e escondendo alguns olhares timidos

sente antes
se alguém sente
pois espero
pois sinto forte
alma
cor e verdade.


outro mar

é o dia inteiro,
a simpatia do branco, da bonita.
sentindo mais e mais,
como fosse pintora
de sorrisos.

é o olho inteiro,
brilhando. moreno,
cheio dos versos
à vontade,
imaginando quando será cheio.

é o coração.
imerso.

domingo, novembro 27

que horas são?

tour de franzir
as curvadas sobrancelhas
ao som de grelhas ardentes
e tremores aos pés.

e além de tudo,
iluminar a sóbria cabeça
dando de presente
a doce precisão do olhar
e do coração.

lambe se doí

pra fora do solo
fui alto ao universo

nos olhos fretados
que condenar me peço

uma grande barreira
borboleta no meio do caminho,
que logo sai, entra no peito
e deixa-me ver o além.

segunda-feira, novembro 14

sinceridade feliz

decreto o amor sem problemas,
sombreando sem medo
a pureza do desejo
e agora, o para trás não haveria.

esculpo flores nas tranças
do que passou
- sem nó, sem dó.

guardo com clareza
e rio alto de fotos da infância sua
e deixo esse amor ir morrendo,
caminhando calmo pela porta!
- ele acaba de passar por ela.

e não quero deixar o adeus demorar
- não quero que o coração confunda.
é algo de agora. rápido. claro e escuro ao mesmo tempo.

só sonho só,
e a dor é minha
- não a quero batendo em sua porta,
em suas lágrimas, desapegando essa pureza toda.

só poeto só,
rindo e sorrindo
do amor que brotou dos meios meus.

e vou partir,
mas continuando aqui...
ainda sem vontade de ir embora.
- somente aceitando essa doce
e amiga infância que acaba de acabar
mas que aponta e nortea
meu amor.

domingo, novembro 13

me beija, com a boca de hortelã

Sou o mudo do criado
que cabe tudo do mundo
tudo do outro lado do muro.

E isso se sucede
pois, tudo balança
esse nosso mundo mundo cão
e quando o amor entra na pauta
- quando os olhos se fecham tímidos
embassando por dentro, fingindo não ter visto
até com outro se encontrar num mesmo olhar.

segunda-feira, novembro 7

novidade

como é que pode
ter esse poder todo.
pobre amor.

passado polido;
presente querido
e futuro,
esquecido!

não exponho mais.
não ouso um verso se quer.
não ouso uma rima.
por mais miserável que seja.

agora, procuro o novo.

rio e sorrio pro velho.
- sorrio, pois não há problema! me ensinou
milhões de coisas!

agora, procuro o novo

me rio,
me gargalho.
alisando a maciez toda
que há em meus sonhos presentes.

sofá

o terreno se afofa
e afaga minha clareza.

apalpa bem e sente
as curvas e descurvas
dos pensamentos.

afofado, o coloco
aqui bem do meu lado.
terreno novo,
que define passos diferentes
e pisadas mais leves. mais norteadas.

e depois de confortável,
afago meu bem estar.

terça-feira, outubro 25

segue, siga a seta

e aí, milhares de montes?
onde que quer que eu chegue?
quer que eu navegue por mais
dezenas de natais?

por cem outros amores
e desfavores incertos?

me dê mais, pois.
ma(i)s do veneno
não se faças.
cruel.

só siga
a vida que segue seguindo
que da nota, do tom e do ritmo,
o vento se encarrega e se escorrega
pra apanhar.

sábado, outubro 22

espera! a clareza já já que vem

minh'alma nova
minha calma prova
de maneira e compromisso
marcados
e me faço disso!

maneira de me fazer tranquilo.

e não penso que essa espera
é certa.
mas minh'alma está aberta
esperando esses novos ventos
pra quem sabe ganhar outros tentos.

e mesmo não tendo a certeza,
cativo o sonho,
alinhando meus versos à distância.

sábado, outubro 15

estória estória

fica nessa estória de olhar;
de tentar flagrar algum momento importuno de meus olhos!
- deixe-os aquietados! alinhados com minha calma!

fica nessa estória e depois desvia o olhar;
esse olhar de samba querendo bailar,
esse samba de querer olhar!

tira essa vergonha da face!
ilustra a magia que tem seus olhos
e vivencia o prazer de se dizer olá!

fita os olhos seus e sambe mais um pouco!
em vez de ficar pra lá pra cá, tentando esconder o sorriso morto.

quarta-feira, outubro 12

o castelo de almas

vem alma!
vem no mar,
vem no ar.

e não me mande mais tormentas,
não me faça te olhar de longe.

eu ria à respeito.
à respeito dessa multidão
de desconhecidos, desses sentidos 
em porção única.

e agora, tenho que me acostumar com isso.
e andar sozinho,
com saudade!
diplomata de meus próprios olhares;
acessório do mundo e dos deveres.

monte seus castelos!
monte-se sobre passos e compassos.

segunda-feira, setembro 19

o tudo que é nada

ilustradamente ignorado
por si mesmo
o sorriso se juntou com o medo.

aleatoriamente
em uma tarde banal!!!

corre para a igreja
e diz que sente saudades
- o amor.

fecha os olhos
e em prece e oração
ilumina o vazio.

- vazio, não por perder
desejos,
mas sim por se sentir desejo!

por ver, clara e calmamente
o pequeno tamanho que tem seus atos.

o menino chora!
transcende, sob a luz baixa das imagens.

e sente medos monumentais.
sente medo do desfecho de seus mais novos sonhos.


[este sino pode soar absurdo,
mas não há nada em seu badalar que não seja verossímil]

sexta-feira, setembro 9

luz baixa e madeira escura

valsa de alegretos noturnos.
os gatos cavando as escalas na emoção...

arrepiando cordas e discórdias
presentes,
interferindo no singrar dos
arrepios, teleportando suspiros.

e, de repente, a mão alheia.
as pernas moles em ciranda,
caminhando nas cinco linhas,
solando em grupo
o sorriso de amar.

e, de repente, os olhos fechados.
a flor da pele explodindo cores!
volta ao interno luxo da harmonia.

(sem)gravidade

vá-te embora!
que já não cabe a tal mania!!!!

quero respiração leve solta
voar são da cabeça
sem bater fora do tom.

livre, são,
vocês!

ISSO, liberdade
a acordeada
com os os intervalos
dos tempos de notas avulsas.
avulsas e libertas.

não me prenda
por aqui, nessa hora!
ó, gravidade.

domingo, agosto 28

sem sono

de olhos bem abertos pro mundo
logrando o troca de asneiras intensamente!

concorrendo com a ilusão
de deixar lado a gratidão
remanescente!

colhendo pés maduros
amores plantados
e irmandade.

quinta-feira, agosto 25

alucinação 2

Plantemos folhas de sonhos!
Arrumemos os lúdicos adubos
no parto do grande Hélio!

Esperemos clarezas,
benefícios e destrezas,
esperemos janteres nas salas,
malícias coloridas, translucidas
e fora de eixo!

Passemos o prato
da saúde para mais e mais !
a Frente do quarto
servindo de adubo!

Sangrando o sol,
a lua
e todos os demais.

quarta-feira, agosto 24

mesmo bem longe

bem perto
do lado perto do sentido!

aguçando sonhos futuros
de vida nova e moderna
- alinhando roupas e letras
endereços e cócegas.
alinhando corpos.

bem perto do sentir!
quase sentindo
a respiração.

quase, pois
ainda não é totalmente real!
podendo ser calmo e simples.

diferente do que andou
me cutucando!

e digo
que não andarei de costas
para saber exatamente
o que está vindo pros meus olhos,
para minhas mãos e abraços.

terça-feira, agosto 23

flor fechada

me fiz transparente,
idolatrei o amor
até o ponto que este pediu silêncio.

até quando ele se fez ao contrário.
contradizendo os valores que pregava,
pedindo aquietação da poesia,
pedindo calma nos elogios.

me fiz todo.
me fiz.
fiz meu ser totalmente doado,
diponivel para amar.

mas o mar não molhou
o coração duro e roxo.
pois este se armadurou
de orgulho
e não deu a liberdade para o verso.

a tulipa roxa,
sozinha no meio do jardim,
se fez fechada.

e sou assim até agora,
mas não há mais adubo,
quandoa  flor não quer se abrir
e ver o que realmente há na sua frente.

segunda-feira, agosto 22

quando, sem pudor algum,
consigo te aceitar, e te tornar parte do normal
a sua dor se plorifera
por todos meus canais de sentimento
por todos meus olhos
e versos!

e dói muito,
e dói mais.

nem adianta olhar pra lua,
pois ela já está selada
com um sentimento por ela.

consigo, quando essa paz reina,
antes de você
- saudade triste -
definir as cores,
e não me embolar
em lágrimas e dores à toa!
a brisa é leve e contínua,
toda carinhosa!

mas é só você chegar,
colocando o brilho da lágrima
em meu rosto e meu pensar.

e dói.
dó ardido
quando
as cores se misturam
com a nostalgia!
quando lembro
que não posso ter
o palco todo,
que não posso ver de perto!

ouça bem o que te digo,
ó saudade!
peço movimento preciso,
e não abro mão
de um brilho definido,
de um brilho de beneficios!

segunda-feira, agosto 15

devaneios no dia de saturno

o andar longo
seguido por olhos trepidantes
deixa o observador, amarrado,
mais singelo e sutil.

com a timidez de uma criança
e a vontade de um faminto
meus olhos não aguentam
e chegam mais perto.

mais perto,
cada vez mais,
até quando,
estranhamente se tornam um!
se tornam um, simplismente
pela ilusão de estar tão perto
que eles se fundem! e logo depois,
se fecham,
molhados por duas bocas
e um abraço.


sexta-feira, agosto 12

andar só

um belo motivo
para se sorrir
aparece nas horas mais
convinientes para esse.

afagado
por inumeros sentimentos
incluindo inté saudade.

afagado
pelo silêncio
de se andar sozinho pela rua.

sereno
por simplismente
sugir quando
se tenta pensar em nada.

afundado
num amor.

tentando afogar
nessa água
a flor distante
e a brisa leva.

sexta-feira, agosto 5

sem nome

estranha sensação
de saudade antecipada.

mesmo tendo mais
uma noite iluminada
pela lua.

mais um sorriso
dela.

quinta-feira, agosto 4

hey, silêncio!

me aquieto.
silencio
minhas poucas palavras
calmas.

e fecho os olhos,
imaginando.
imaginando meu grito.
meu espernear quieto
de amor.

quarta-feira, agosto 3

falta de saliva

na minha boca
eu sinto a falta
eu sinto a navalha
cortando a vontade.

sinto a lâmina
da saudade
capando a saliva.

onda

ponteia
o sabor colorido
somente com o começo do olhar.

e como se fosse um degradê suave
esse sabor colorido
alivia toda a
tensão

leveza

leve
como a leve
pluma leva
a doçura
ao corpo.

como
a própria leveza.

terça-feira, agosto 2

disco favorito

escute o que calei um dia,
recordando as portas abertas
e os olhares sanados pelo amor.

escute-me,
e deixe-me chorar
como nunca consegui.

e deixe na vitrola
nosso disco favorito,
que o vento que sai dele
é confortável.

segunda-feira, agosto 1

o amor

faço uma lista.

todos meus sentimentos,
todo sorriso que dou,
todo olhar que vejo
e que olho,
toda piada sem graça,
todas cores que te defino,
todas velas acesas,
todos vinhos tomados,
toda noite dedicada,
todas lembranças,
todo sorriso
que foi dado à mim,
toda disputa de riso,
todos os bosques,

todas as danças,
todos os ventos,
todos os versos,
todo o amor,
toda, e quando digo
toda, é toda! toda poesia!
toda poesia que há em mim.


embrulho com carinho,
embrulhei com carinho
e estou te presenteando.

e junto, além da lista em si
vem tudo que há nela,
mas, em forma real.

e, bem na frente de tudo,
vem o amor. em primeiro lugar.
todo sincero.

domingo, julho 31

poema de dois

secando as madeixas
curtas e, ao mesmo tempo, longas madeixas suas.
encurtadas, alongadas, e assim se vão.

crescendo, diminuindo, dançando no vento gordo
meio nêgo, meio castanho acajú.

e o negume
esquenta a nuca da moça
que quase dança perto do menino torto.



              [a flor e o verso se encontram
               às vezes para fazer poesia.
               29.06 às 20:34]

eu fico

reine silêncio
- sábio silêncio.
grite mais alto
- simples silêncio.

e me ilumino
refletindo
à flor da pele
minha cor.

refletindo,
iluminando
a flor que abraço
com o coração
calmo que me foi dado.

rezo,
com fé.
e minha alma canta
quieta.
berra calada
- olhando com dor
as incertezas
causadas mim mesmo.

mas, sei de mim.

saio de mim
quando devo
e me torno etiquetado.
quando devo.
quando sou posto
diante dessa liberdade;
desse sorriso
que se abre na flor
quando lhe chamo de cheirosa.

e vou até ela,
com calma silenciosa
e intensa
- só quando ela
se abre pro meu lado.
- só quando suas pétalas
roxoavermelhadas e aveludadas
também me afagam.

com calma silenciosa!
com intensa simplicidade!
com os olhos saltando,
e o coração pulando.

terça-feira, julho 26

mente sambada

como consegue
moldar as palavras
e esculpir os versos?

dança o sentimento
e possui um
cerébro arquiteto.

mente artesã
dos dizeres.
e
corpo moreno
do samba.

mundo que gosto

gosto do olho semi-aberto
do céu bem azul
e do gosto de usar terno.

gosto de dizer sem falar
e de ouvir o silêncio
gosto das cores
e do jeito que a moça samba.

gosto de gostar
disso e daquilo
gosto da textura do café
e de como irritante pode ser o mosquito
e gosto, também de sua pequinez.

gosto da poesia sem rima
dos versos livres e da leveza
mas se tiver um pouco de destreza
a cadência um pouco se afina.

gosto da boca
da voz rouca
da pouca roupa
e de quando pessoas
viram guarda roupas no frio.

gosto da fumaça do leite
da cor da água
e de frases que não entendo.

gosto de música nova
de rock velho
e de imaginar o que estar por vir.

gosto daqui,
dali
e de quadros surreais.

gosto de gente feia,
de gente bonita
e de como
a simplicidade
e a sujeira
às vezes torna alguém maravilhoso.

gosto de brincar com criança
e gosto de malemolência.
gosto eu de sambar
e gosto de ter vergonha
de isso se concretizar.

para que numa hora
eu dançe no meio de uma roda.

gosto das rodas,
das calotas raspadas
e dos parafusos.

gosto de olhar
e reparar.

mesmo que meu alvo
nunca saiba que meus olhos
o gravaram.

e também gosto
quando esse meu olhar
é descoberto em um segundo.

gosto de mim,
gosto do mundo.

segunda-feira, julho 25

preenchimento

hoje topei
com o amor.
e meu tempo está
sobrando.

não me afobo
e o respeito é tão completo
que a futura ausência [se existir]
será total aceita.

e assovio contra vento
se necessário for.

a não ser que ele pare
em frente de meus olhos
desenhando lágrimas
para eu parar!

e só assim
serei impedido.

e digo eu!
somente eu!
se o vento desejar
soprar e secar minhas lágrimas,
ele será bem vindo.

e se caso for,
serei eu o vento.
desenhando casacos
para protejer seu assovio.

o vento e a natureza
de mãos dadas.

  II

o amor
preenche.
e isso ele é.
- preenchimento
de lacunas bucólicas.

espaço entre a fala
e seu alvo,
quando preenchido de amor,
faz essa se virar em dizer.
dizer com olhos fechados.
dizer com os olhos amamentados
de prazer e sincera simplicidade.

domingo, julho 24

nunca é nunca

pelo fato de valer à pena
toda minha pele está entregue
e não há um arranhão,
não me cortei em cerca alguma
- não deixei desgastarem minhas unhas.

pois com elas
é mais malicioso apertar
a nuca
dizendo ao pé do ouvido
que nunca é nunca.

fator amor

é como se de cima
desse pra ver o céu em terra!
- o telhado harmônico da paixão
empilhadeiras de emoção.

e que céu é mais azul
que seu próprio?
mais lacrimejante
que seus próprios olhos
em momento
nos quais se aperta o veludo
da cadeira com a ponta dos dedos
de ver um acorde emocionado que flui?

maravilhas em se notar
a pifiedade de um olhar e
a maravilha de um aperto
de emoções!
- me diz que céu é assim?

quero saber!
e não me invente
novas curtas verdades,
compostas em mesa balcão de prosa!!!

estou dito!
estupefato!
e esse desbunde
de arquitetura versática
que tento poetizar
não é muito.
- mas em sua pequinez
faz o universo ser quase que nulo!
faz a pálpebras tremularem de aflição
junto de um coração sincero
que navega entre nuvens (in)descobertas!

e faz parte de meu repertório
de saberes
o fator amor.

quarta-feira, julho 20

haikai futurista

estou compondo novas canções
amamentando um outro amor
sem precisar me preocupar com a dor.

domingo, julho 17

segredo desenhado na linha da vida

me ajude a desenhar
seus segredos nas linhas
de minhas mãos.

minhas mãos
que estão
mais lisas do que nunca,
esculpidas no ar em elas cortam.

depois de desenhá-los
te darei minhas mãos.

pegue-as.

sexta-feira, julho 15

à tarde

fiquei sem reposta
e disse
que estava carregando a lua
ao invés de estar sentado nela.

não estou carregando a lua.
não quero ser mais que ela.
estou sentado em sua superfície.
te olhando.

calmo, sereno,
     direto
firme e  sincero.

é o melhor lugar
pra enxergar a beleza
e a sinceridade.

lugar que reina
quando existe paz.
paz e entendimento.

o amor tem essa alma densa de floresta

ontem me vi em uma floresta
daquelas verde bem denso.
floresta toda cheia de alma.
- confortável e alegre.

fui vendo as formas humanas 
formadas em troncos retorcidos
em folhas caindo
- quase sincronizadas com os animais.

e no meio, bem no meio
vi a real alma dessa floresta.
e por um momento até me confundi,
achando que era outra árvore.
e era fácil de se enganar,
pois esta estava toda contorcida, também;
era a mais abalada pelo vento.

contudo, ela não estava contorcida
pelo tempo.
- eram seus passos de dança, ali, no meio.
contudo, ela não estava abalada 
pelo vento.
- eram seus braços girando e girando.
formando formas coloridas.
foi a coisa mais bela
que meus humildes olhos
fitaram.

e girava, girava.
não cansava de girar
e dançar e girar.
desenhando no vento
o futuro.

há um tempo
só visito essa floresta.
e nela já montei minha
casa na árvore,
já caçei o que preciso.

por todo o tempo
visitarei essa floresta.
pois me acalma e me faz sorrir.
e dá vontade de ficar descalço

sexta-feira, julho 8

coração

um único dia de silêncio
me apertou as costuras do coração.

e de tanto pensar
o vermelho ficou mais forte,
com as artérias roxas,
grossas e pulsantes
- meio fora de ritmo,
mas procurando
a sintonia perfeita.

apertou as costuras do coração,
e com isso
o deixou mais firme,
mais preciso.

o deixou ciente
de que é assim.

quarta-feira, julho 6

dois animais iguais

qual ritmo
fará duas notas se abraçarem?

prefiro não saber
e tentar compô-las
eu mesmo.

com calma de formiga
e firmeza de elefante.

terça-feira, julho 5

carência

como posso não conseguir
o começo de um poema
se já tenho em mim
todos meus versos livres
e todas minhas letras?

se já estou afinado com o vento,
como posso continuar à deriva?

somente o tempo
aliado à mim mesmo
que me dirá!

a única pessoa 
que está no meio de meu caminho
é a minha pessoa.

e um belo dia
o amor receberá uma carta,
dizendo aquele sonho cresceu.
e que com toda certeza
o amor se estabeleceu.

segunda-feira, julho 4

silêncio gritante

quatro olhos fechados de testa grudada
e duas respirações que se cruzam no silêncio
às vezes dizem muito mais do que um discurso infinito.

e é abrindo a mente
com momentos precisos e preciosos
que a poesia se faz no ar,
e nos proteje do frio.

é de olhos fechados e com a boca que se vê.

ali, sentados,
meus olhos se aquietaram
e harmonicamente junto de minha boca
entraram na paz.

paz grande.
tão grande que perdi a fala
e o próprio olhar,
que enquanto estava no escuro
viajou por mil atmosferas.

e que viajem real, foi.
de causar careta e riso confortável
até na cara mais dura.

gaguejei meus sonhos, depois.
todos rodados.
e apesar de não lembra-los
prefiro deixar assim,
pois sei que estão aqui.
no fundo da mente,
quietos,
aguardando a hora certa de florescerem
e virarem mundo.

sexta-feira, julho 1

mãe lua

olhe! se não é a lua!
toda pomposa
alumiando com seu sorriso
a timidez de doces bárbaros.

olhe! e veremos.
e olhando com atenção
ela é maior do que parece
e pode nos iluminar
por muito mais tempo.

sem título

e esqueça de rodeios.
apagões deletam a falsidade
que não sabe desenhar reto.

e não abrace a solidão.
por que sozinha, a vida
se perde e se desilude
entre vãos curtos e apertados.

e não sente-se.
há um milhão de pessoas
precisando pensar!
- saia correndo,
e fique em pé.
imponha o amor,

que este se faz mais confortável.

freguês da meia noite

é como se fosse freguesa
dos olhos.
dançando sentada,
pedindo olhar
e negando o seu próprio.

fugindo entre outros corpos
cambaleantes
e fazendo uma simples conversa
apertar o coração e os sentimentos.

é freguesa única,
pois colore a feira
de sinceridade
e pinta sorriso nos passantes.

quinta-feira, junho 30

talvez.

talvez o tempo
não seja tudo para se agir.

talvez seja um misto
de tempo, com abraço,
com riso.
com olhar.

talvez o tempo sozinho
leve uma vida para agir,
sendo que qualquer ação
pode ser vivida, e não tão aguardada.

talvez seja uma sensação estranha
de mãos dadas com o tempo
e com o abraço
e com o riso
que faça o sol nascer.

e talvez esse sol pode nascer
com uma agulha em mãos
pra, devagarinho e com muita sabedoria
perfurar uma bolha de desilusão.

talvez seja tudo isso,
talvez seja mais.

mas esse 'talvez seja'
só virará um 'é' com a ajuda
dos nosso desejos.
desejos aliados ao tempo.

aliados.

quarta-feira, junho 29

maquiagem da terra

Tanto tempo de sol
Tanto fala-se do sol
Secaram-se minhas lembranças da chuva
E quando chove,
A água que cai,
Deixa o ar brilhante.
E como se fossem
Rostos de mulheres

As folhas se maqueiam
De gotas douradas.

Gotas de chuva que,
Vindas do céu
São fragmentos dos deuses;
Líquidos divinos.
E por esse motivo
Quando chove eu choro.
É o carinho de Deus
Nessa pele seca de sol.

         [e é das amizades
          e da sinceridade
          que sai a poesia]         

terça-feira, junho 28

caos, preste atenção, pois és amor

caos,
       que tanto atordoa o passado;
       que desenha de novo, à tinta,
       toda tormenta:
       - por favor se acalme e sinta.

vire,
       e sinta mais. seja mais sincero
       e se apague! pois sabe da dor.
       sei que sabe!
       e não há neblina que te cegue.

amor,
       tenha calma.
       e não tente pular ou quebrar muros!
       não afobe nem afague meu ego.
       não venha pro meu lado,
       por que só eu, sozinho,
       posso te enxergar.
       e assim, ser pleno.
       e assim se dois.
      

segunda-feira, junho 27

era letrada

nada de preguiça.
saia da vida versada
pois não há palavra cansada,
não há verso que senta e não levanta.

só há liberdade grande
e vontade de mais.

e, por outro lado,
é ´mais uma ligação.
mesmo que não sejam
tecidos comentários,
mas os versos se ligam
e o entendimento se encontra
em conversas e versos sinceros.

retrato preto e branco

tinha um e tinha outro
tinha dois juntos
e depois separados.

tinha riso trocado
e abraço apertado.

tinha calor de intriga
e frio na barriga
e depois teve o fim.

teve recomeço
e teve abraço
teve beijo
e teve laço.

teve choro
e teve outro fim.

teve tempo
teve solidão
e teve outros
e outras.

mas
agora pode ter amor.

sexta-feira, junho 24

charlatão

olhando deste lado é horrivel terminar uma quinta feira fria dessa maneira.
sufocado dessa meneira. esperando que algo aconteça. esperando a música terminar.
é bom quando você nem liga pro fim ou começo, para o nome ou duração.
é bom quando simples e naturalmente acontece essa mágica apaixonada.
- é amor.

[e, como pode, uma simples notícia causar tormenta?
agora sim, tenho certeza que amo]

quarta-feira, junho 22

peso vivo

sinto suave.
ser não é mais fácil.

não é simples
e pronto.

sinto peso.
e que peso
é mais pesado?

mas,
mesmo pesado
é querido.

vida pesa
na cara das pessoas.
puxa para baixo a pele
e o resto é esquecido.

vida pesa
mas pode realizar.

segunda-feira, junho 20

feira livre

é segunda-feira de saudade.
feira livre de solidão.

e como pode uma carência se grudar no cérebro
e fazer o olho tremer? fazer o coração girar dentro do corpo.

e pelo jeito, não vou chegar no fim dessa rua
até o fim do dia
ou até a bolha estourar,
até sentir o cheiro da minha terra
até abraçar minha mãe
até ir para o céu.

é uma feira geral.
mas algumas barracas se destacam.

e depois de prosas maravilhosas
depois de aceitar todos mal-feitos do passado
fica díficil não parar na maior das barraquinhas.
- toda colorida, com música alta, samba e dança.

mas, realemente sinto que talvez essa barraca
seja a que esteja mais próxima do fechamento.
NÃO!
sorrisos vão faltar.
e será em vão o nosso entendimento.


sorrisos vão faltar
e não terei mais a melhor das feirantes.

segunda-feira, junho 13

samba rasgado, bem ritimado?

saí da sombra na qual eu sufocava o entendimento
e a simplicidade que é conversar com o espelho.
espelho invertido, oposto e todo dançante.
nele, é como se meu reflexo se balançasse enquanto o olho
e ia dançando, mexendo e sambando
embaixo do meu nariz e não eu não era capaz de acompanhar.

talvez seja tarde.
ou, talvez, agora seja a alvorada,
o começo do império bom e sereno.
talvez seja agora.

fui pra luz.
a mesma luz que passava por tudo e me deixava na sombra.
mas do outro lado [deste lado] ela é branda e gentil.
é calma e sem mentiras.

fui pra luz.
luz que gira o disco e toca os sambas favoritos.
que aumenta o volume na hora exata e encaixa
o balançê no amor. e faz uma nota se virar em melodia
com a delicadeza de uma flor.

domingo, junho 5

haikai da mulher distante

onde estão aquelas notas?
estarão perdidas em outros instrumentos
solando seus amores em outras escalas?

terça-feira, maio 31

marco zero

repito minhas palavras, eu sei.
e sei, também, que não sou mais
cego o suficiente pra não conseguir esse respeito.

e fico de longe,
aliviando minha mágoa
em luzes disformes e letreiros de cabaré.

fico sem pé e sem delírio
mas não posso e não passo pela ponte do passado
- quero o zero,
o puro contato.

como se tivesse começado nesse instante
no qual meus dedos são canais e meu coração a fonte.

domingo, maio 22

só conto meus medos e amores

não espero alarmar raivas e furias
com meu simples sentimento.
e o divulgo na roda de todos
por que sou somente sincero
e não preciso ter medo do deprezo.

não espero alertar dores e amarguras.
sendo meu próprio freguês,
sendo único entendedor de meus versos
talvez eu precise me explicar mas claramente,
mas não há como negar
que gosto quando o desentendimento alheio saliva,
e enche as bocas da mente de curiosidade.

se você quiser amor chegue aqui

como pode?
ver de cima do monte um passado todo!

é como se os pisos dessa terra
gerasse um retrocesso em meus passos
e os fizesse lentos.
e parece que só assim
o homem não vê minha saudade.

e a alma fica fazia,
nem que for por ínfimos segundos,
mas ela fica.
mais sombreada
mais escondida.

e o amor é aqui.
disso eu tenho certeza,
mas não posso ser doce nem rude.
somente tenho que esconder
para poder ao menos ver um sorriso
e não costurar as lágrimas no meu céu particular.

segunda-feira, maio 2

ave maria

é como se tivesse apagado um pedaço.
pedaço que foi moldado
pela inocência de risonhas estórias,
pela mão enrugada
pelo pequeno tamanho
e pelo riso doce.

é como se o olho
que podia brilhar um pouco mais
sentisse obrigação de se esfumaçar
e assim, sem querer, acabou borrando
uma parte de coração.
fazendo, numa segunda-feira,
meu toque ir pra longe,
pra hostilidade do passado.

mas sigo a seta,
e sei que estou pronto
e sei que seu, sou.

mas vou despir meu choro,
e colorir minha tristeza com um breve sorriso.

e agora, num relance,
meus olhos vão pra outros cantos
roubando seu brilho.

segunda-feira, abril 25

hakai iluminado

é espelho.
soltando, na forma de reflexos
os risos da paixão.

domingo, abril 24

alquimia

vamos supor o céu!
alinhá-lo aos nossos sonhos,
dos quais somos eternos poetas,
famintos alquimistas utópicos.

traga-o mais para perto!
mas, de longe,
já sintetize os personagens.

sexta-feira, abril 22

alma calma

venha calma
que a alma te dá lenha
pra queimar e
viver mais.

venha calma
que eu te chamo
mais e mais,
que eu sonho
andar ao seu lado.

pois ouvi dizer
que seu olhar
é capaz de entregar
minhas dores.

seja servente
do meu corpo
e tome minha tristeza
como assento.

deixa o vento

sou novo nêgo do mundo
jogado ao lado de outros bons.
sorrindo até o fim raiar
em nossos lares e olhares.

e nossas vontades
vão além do que se vê,
além do que pode
ser tocado pelo vento
que nos refresca do calor.

mas nem sempre
sou nêgo sorte
e a brisa que por aqui passa
entorta a flor lá do outro lado.

preferência

ninguém escapa do medo
de ser assim.
- de estar em par com a tristeza.

e como susto
ela veio me visitar, também.

eu não prefiro assim.

quarta-feira, abril 20

tristonha saudade aceita

o breu de hoje
me disse, no banho
que falta um pedaço.

percebi, e repercebi
- é a mais pura verdade;
é a mais atual verdade.
é a verdade que eu aceito

mas não me mato afogado
em minhas próprias lágrimas
e não me deixo cair
nos braços da saudade,
- prefiro andar de mãos dadas.

segunda-feira, abril 18

credo

acredito no riso,
na maneira como sorriso
consegue definir momentos de sutileza.

no poder intuitivo que ele carrega
amarrado nos seus pés.

acredito nisso,
que o sorriso pode fazer outro sorrir,
mesmo que outrora.

a chuva te trouxe

hoje ouvi lentamente os suspiros da chuva
batendo em minha janela, trazendo a saudade.

como nunca antes, pois não há o contato,
mas a falta que sinto não nunca falta
e nunca esquece de me fazer lembrar.

e assim, lembro dessa delicadeza.
de sorriso bom e confortável, sincero.

e num encontro ou outro
a gente se faz.

a chuva te trouxe

hoje ouvi lentamente os suspiros da chuva
batendo em minha janela, trazendo a saudade.

como nunca antes, pois não há o contato,
mas a falta que sinto não nunca falta
e nunca esquece de me fazer lembrar.

e assim, lembro dessa delicadeza.
de sorriso bom e confortável, sincero.

e num encontro ou outro
a gente se faz.

quinta-feira, abril 14

presente

há um sorriso e algumas palavras guardados há tempos
no canto interior de minha boca, implorando a saída.
e hoje os dou a você.

como que sendo presente.
como que sendo seu.

e hoje, em sonho, vi um palco e uma flor vestida
e de pano azul nas negras madeixas.

fique com o sorriso
e não desca do palco
- estou a ver você lá do fundo.

segunda-feira, abril 11

o cansaço de andar cabisbaixo

me esqueço de ficar acordado
vagando por entre esses fracos dias.

e ando doente,
atado à dor
que fecha meus olhos e me impede de olhar e ver

que me sacode os nervos
e faz folia em minha vida...
aproveita de meus passos
para se levar e se deixar ir.

me esqueço de acordar
quando passo por entre esses dias claros.

e eu não sei o real,
não sei quando fui
ou onde fui.

e onde vou, por entre esses soturnos dias,
me faz mais meu.

abro a porta docemente

abro a porta
ando à porta
e na porta que vejo
vejo o que estava procurando.

e através da porta alcanço.
alcanço a porta afim de conseguir o agora
e os sentimentos estão justamente onde deveriam estar.

ando à cama.

esteja onde está,
e não mova por nada,
que vou dormir
sob o seu olhar.

sob teu esconderijo
sob teu nariz de espuma.

e dormirei, calmo.
e nada virá para meu caminho.

dando meus punhos

o tempo volta onde ele não pertence
e sua invalidez se torna real.

tudo se volta para o que realmente é real
quando as cores iluminam três ou quatro infantes.

a cor é real,
a som é real.

e onde há uma linha que eu não fico logo atrás.

amargo.

o desapego me veio hoje
tentou e tentou falar, mas nada saiu.

e me sorriu o sarcasmo.

o peguei, embalei
e dei de presente pra minha solidão.
pobre solidão.
pobre sólida amargura singular.

sábado, abril 9

o único planeta que me resta

continuo sendo o que me há de melhor
a cada segundo, nesse frágil planeta.
e a cada uma dessas frações faço meus encontros
com todos seus mistérios,
com todos os mendigos parentêses.

me jogo no mundo,
e nas nossas leis faço meu presente.

seria melhor se fosse nas minhas leis,
minhas próprias bagagens de saber e gostar.

o céu não é azul

a cor do acorde forte,
digo, o vermelho
se faz do sangue
e o céu é vermelho
e o é, também, a dor,
a paixão,
a vida e a solidão que foi parida no peito.

é o sonho do fraco monocromático,
pois essa lhe dá força e a destreza para voar longe,
e ao mesmo tempo é o tom do inferno.

domingo, abril 3

joão de barro

meu medo e desafio era andar sozinho
e não alcançar a paz, e não lembrar do caminho.
e temendo, meus ouvidos foram entendendo.

só devo a um herói maior.
um espelho meu, que tudo sabe
e sempre saberá que caminho me dar.
ao herói do qual nunca consiguirei me livrar,
pois ele me aperta, e é pra nunca mais soltar.

sábado, abril 2

madeira

céu de longos braços
dê-me seus
longos abraços de mel e

seu puxado cabelo.

não atrase a fusão dos olhos
pois é o tempo nosso
que escava o amor soterrado

- esse logrado amor,
sintilando os brilhos da diferença
que nos separa e incrivelmente
arranca lágrimas de felicidade
numa esquina qualquer.

céu de longos braços:
clareie seu azul! deixe celeste
a cor de seus olhos
que só assim
consigo chorar meus versos
e sair ao seu sol.

vermelho

é bom quando o sonho
encontra outro caminho
e muda para as ruas da realidade
e, assim, pode furtar um sorriso
do vento crava-lo em mim.

e nessa nata lúdica
luzes e cores escrevem seus versos
em mim.

sexta-feira, março 11

valsa

sua valsa triste caminha com a noite
petrificando o olhar de todos pares.

enquanto rodopia,
crava nos corações alheios o calar da noite e
o uivo da lua.

enfrenta o mundo,
e pinta no chão os ventos do fim do dia,
decora olhos com a cadência de seu amor,
com a decência do seu olhar.

e como se não bastasse,
ensina-me melhor,
pois não sei direito a arte.

e quando fiz o necessário,
foi pra não levar junto o brilho dos teus pés.

o gozo vem depois do amor

se hoje o medo medo não vê a solidão
é por que o macio do sozinho explode em outros lugares.
 - é uma verdade que assusta a clareza da mente

e as palavras que colavam a nossa definição em nós
emanam suas essências nos lugares que buscamos.

o passado se vira numa magia
que agora tento entender,
se transforma num quebra-cabeça escuro
impossível de montar,
pois sua beleza é tão uniforme e bonita
que fica difícil de se achar as pessas.

se hoje o medo não vê a solidão que me assola
é por que quero.
é por que quis ser feliz
é por que quis compor felicidade em outros olhos.

contudo, nada se esvai do coração.
nada apaga.

segunda-feira, fevereiro 28

ele não tem um nome

vejo nascer rápido o belo sonho.
vendo, sentado embaixo do sol
colhendo vosso sorriso sincero
e olhar horizontal.
paralelo a amores vespertinos
e escondidos apertos.

minhas árvores fazem sombras no passado
e incluem em mim o novo.

decoram meus versos
de vermelho e riso.

e o riso faz
meu desejo corado,
faz meu presente amado.

quinta-feira, fevereiro 3

resolução

o bombardeio da esperança
me socou os por quês,
e de que vale a futura lembrança?

de que vale a matutina parábola
repleta de falsos testemunhos
           de gastos amores?

transporto o golpe para lá...
assim não recebo dor por aqui,
não destruo castelos com meras palavras escolhidas em vão.

espero a calma me tocar,
e tocado
resolvo a vida.

quinta-feira, janeiro 27

o calor do sol seu

dança da beleza do mar, ó, sol.
quero ver-te só
quero ter-te em prol do amar.

quero amarrar-me em passos descompassados
quero me amar na própria cor de seus dias
na flor dos olhos que sua menina dança.

na dor do laço que suas notas alcançam.

dança da beleza do mar, ó, sol.
derrame tuas ondas no meu samba calmo
no caos de meus versos.

faça assim
- vista-se de minhas palavras
que te esquento e te elogio
com o fogo do verbo
e o calor do teu amor.

nova bossa nossa

bossa no vento,
na nova aurora floral.

bossa de resguardo:
nova armadura para verso quebrado.

desenhos de acordes novos
invadindo meus impecílios e retratos
de uma maneira cáustica,
fazem tudo pelo bem do meu bem,
tudo pela dor da saudade.

fazem tudo de mais e de menos.
e eu não vou duvidar.
não vou descartar o futuro
e suas quase certezas.

de ir,
e deixar ficar.

ou de ir
e levar junto a cor da paixão.

sexta-feira, janeiro 14

relato dos futuros sonhos

eu quero a sorte
do desentedimento necessário,
da falsa harmonia de desafinados verbos.

ser livre do livro
e ser meu.
ser ar de letras.

vento que traga
a dor e a monotonia;
o riso e o amor.

quero essa fonte escondida
em meus sonhos.

quero versos soltos e amados;
fluidos num tema,
como sopro de jazz,
como beijo sagaz.

garoa de outono

folhas a voar diante de meus olhos.
folhas perdidas em ventos sujos:
ventos de fumaças.

trazem o escuro,
apagando a paz e a calma
apagando as estrelas.

preciso ir,
sem voltar cedo com a alvorada.

adeus sol
adeus céu
estrela nunca mais.
nunca mais poema.

quarta-feira, janeiro 12

o tamborim e a caixa do surdo agogô

vísceras do som:
peças suplementares de outros carnavais!

alimentando as surdinas
dos jovens malandros
que transcendem o ritmo corriqueiro,
e se projetam na leveza da harmonia.

talabartes dos sorrisos,
segurando a alegria num outro nível:
sustentada pelas batidas surdas
e pelos tremores repicados.

a noite brilha sob nós
e o som vai se misturando na fumaça.

quarta-feira, janeiro 5

síncope

quando o sol se fez no hoje
fez claro no meu tempo
a glória da grandeza.

por minha vez,
me fiz filho!
a olhar mãe amamentando dezenas de outros.

é como se fosse filtro
das vontades do rei-sol
- filtro grosso, robusto.
pairado na sombra de um sonho.

no sonho de um sutil adormecido.
quando sua mente se faz das lembranças banais,
ativado por uma breve poesia cerebral.
a síncope do sonho,
se fez aqui, na linha e no fluir,
nas notas de minhas palavras.

quando o sol se fez no hoje,
a vida se sutilizou um tanto mais.
simplismente está aqui,
paralela e, ao mesmo momento,
tangente ao fato hostil que é ser.

terça-feira, janeiro 4

sala sonora

na sala sonora
desenhamos o amor no chão
da sala sonora.

com nossos lápis imprecisos
arranhamos sentimentos
na sala sonora

servimos de discos,
rodando e rodando
dum lado pro outro
na sala sonora.

eu perco o resto da minha mente
na sala sonora.

como se parasse o tempo,
alienasse os sentidos.
e a vida se fizesse de um só momento
na sala sonora.