terça-feira, novembro 16

haikai pandeiro

você é samba,
rodado e florido,
como vestido de domingo à tarde.

só com tempo isso se desfaz

meus prazeres,
frutos de gentis demônios,
bateram à porta da rua hoje.

fiquei só.
e só fiquei assim, não houve
uma palavra se quer.

foi momento
de um estrondoso silêncio,
de um breu de fala,
e eu prefiro ficar assim.

o sol recusou a iluminar,
e só eu, só eu,
ouvia essa descoloração da mente.

e quantos ouvidos teram eles que ter
para me ouvir
e saber que sou eu,
do maneira como me conceberam,
da forma e sentido que me colocaram aqui.
não há alguém invadindo meu quarto,
e me tomando.

sonho com as belezas que nos faziam,
e espero, só, o orgulho.

na lua de teus olhos

faça de teu presente o teu palco,
que diretamente o sol oscula em tua face
e me mostra teu dançar,
me desnorteia dos certos e corretos
e abre meus olhos em sincero olhar.

é um brilho, quase que eterno.
e terno, macio e sofisticado de teu olhar.
amar é que torna mais difícil o esquecer
que no dia de ontem foi desejo nosso,
e hoje é apagado, como se não existisse.

faça de meu palco, o teu,
e mostrarei a você, que consigo te acompanhar,
que dançar não é só dos pés,
é da alma, do amor.
digo da dança de nosso sentidos,
da harmonia de nossos seres.

é teu olhar,
confortável e silencioso,
que escolho como minhas lentes,
como meu meio de ver.

e se quiser, te dou o meu.