segunda-feira, maio 17

haicai

espero,
lá,
você, toda linda.

pano azul

escolho bem essa próxima canção
com medo da arma
saltando, com o pano azul na cabeça,
do trem garoante.

acende o cigarro
e o fogo ilumina,
na escuridão da cidade grande,
seu queixo e brilha nos olhos
só ouço o queimar.
estonteado.

sinto sorriso e fumaça vindo na minha direção
mas por frações, somente,
e some par'o lado
no vermelho do vinho.

o balão lhe chama.
chama a chama para cama
da culturariedade do fogo frio
e leva pro teatro cheio o olho brilhante

escolho bem,
mas espero aqui.

garoa

meu olho está doendo
de tão bonito.

entrou isso nos ouvidos
daqueles óleos pincelados
seculares, brotando das paredes da luz.

disse a beleza em pessoa,
julgando a legitimidade dos bandolins
com a sobancelha franzidamente levantada.
desconfiada,
falando do pandeiro,
do cachecol alheio.

passa pelo piano e me pede por música,
arranho o disco daquela estação, um pouco.
descrevo as notas
e logo após o alto de óculos solta o sorriso
em escala menor.

no outro caminho vemos seu clone dançante
rodopiando com movimentos mesmos.
leve igual.

me separo, para meu outro sonho.
uma cantoria magnífica.
cantante pelo ar,
no pé das cuspidas pesoas deslizando pelo céu

sinto o desejo quando a vejo novamente.