quarta-feira, fevereiro 10

rabisco

escrevo essa quase-grosa
grosa de letras
gozo versos
e verbetes
e trocadilhos
moderninhos
foda-se.
mas não vejo saída
eu sou dessa época.
fazer o que?
grudou,
na minha caneta, no meu moleskine.
essa poesia incolor
já faz parte do cotidiano,

meu eu lírico
está falando mais alto agora
e ontem
e daqui a pouco
e amanhã
e na minha morte

quero meu caixão cheio de flores
e poesia.
pode ser dessa sem sabor,
divertida de ler
iguais as minhas,
pode ser dessa
pode ser a das flores
do mar, do chão,
da terra, da pá, da madeira
do meu irmão
do pessoa, dos andrades
pode ser.
só quero que seja poesia,
de qualquer espécie.

quarta-feira

veio o trator
me ensinou o que sei,
me deu esse tiro
de livros e movimentos

veio do nada, o trator
comendo e matando
matando minhas criticas mal formadas
formando novas.
debulhando cada frase dita.

consumido do ódio e pelo ódio
passa, quem sabe? uma falsa calma, uma vez ou outra.
calma que é desvendada,
por um simples olhar

esse olhar matador
de trator mesmo.
gordinho e robusto
me apontando o que é bom.

                   (desculpe-me os termos)

Letícia

                      I
eu mundo
eu mudo o mundo, será?
pertubo
escolho com cuidado as palavras
penso, repenso
conto pra todos canalhas.

tenso, continuo no lápis,
no papel,
léo, só a idéia do poeta,
só a essência.
é o que sobra da minha vã,

rã, pulando da boca pro papel.

                    II

quero mudança
e foda-se deus.
e tudo o que ele sabe.

sempre dizem isso quando algo dá errado
''ele sabe o que faz''
sabe o caralho

a gente não merecia isso.
esse sangue mensal
e nada de vida nova.

mas, calma, Mãe.
quem sabe essas minhas rezas poéticas.
quem sabe essas vãs sutilezas
vão mudar alguma coisa.

chega de sei idéia
e de ter esssas digressões.
esperando que a Sofia chegue.