inverto meu corpo doído
incompleto e quase satisfeito
aperto meu peito
contra esse caderno sofrido
sento na água
sem saber onde pensar
sinto a água a tocar,
minha mão, beijo, e mágoa
ela vem e me diz, colorindo
creio saber o que quero
com toda paciência espero
contorcendo o músculo, dormindo
finjo o humor falsário
que me cobre e proteje contra dor
sinto o cheiro e vem o sabor,
antigo, agora dentro do armário
trancado pela sua mão
tentando abrir a porta quebrada
que logo se espalha no chão da escada
e desce, devagar, perdendo emoção
voamos, calmos, atentos
fora de nós, sonhando alto
girando eu descalço, e dou um salto
atingindo no teto, sentimentos
difíceis de alcançar
pulo novamente
tentando fortemente
me encontrar
depois acordo sem sabor
pedindo de volta, sutilmente
seu cheiro, de beleza, de gente
capaz de começar denovo o amor