segunda-feira, julho 5

seis horas da manhã

tenho três passos, só.

paciência,
              minhas pernas
              são o tempo, sabido.      
              amigo do ser lua
              aguardo cair da noite,
              mas o sol acaba de nascer.

saliência,
             desses sentidos.
             moralisando meus olhos
             de soturnos pensamentos,
             que afloram torturas e
             prisões internas de vã distância.

abismo,
            que vez em quando
            machuco ao cair.
            pois equivoco meu presente
            achando-o futuro,
            que é, para mim, tão belo e forte.
            pensando-o como vida,
            sabendo-o pouco.          
            pois ando cego, como os homens.

[todos homens são cegos,
nadadores de turvas águas
onde enxergam somente o próprio nariz.]

tenho três passos,
e minhas pernas cansam.
oro para ter-las
quando o luar chegar,
pois ai,
não será andar,
terei de olhar fundo.