terça-feira, dezembro 28

o aprontamento do beijo

olho que sente o toque
que apronta os impulsos do aconchego
é mesmo olho que lê o lábio
mesmo que fechado.

são alguns centímetros eternos,
e rapidamente arrepiantes, calorosos.
é só um nada entre dois sorrisos
mas quando se ouve a dança sincera
esse nada se vira num espetáculo.

são alguns segundos intermináveis
que no escuro de nossos olhos fechados
desenham leve o setimento,
transformam o não-palpável
em forma concreta, colorida.

transforma o amor em saliva e nó.
transforma o pensamento num só.
ali e naquela hora.

pode durar somente ínfimos minutos,
mas o infinito rouba a cena
e o beijo se enche dele.
o beijo,
o gosto e a pele.