terça-feira, dezembro 14

ele quem sabe

Quero amor cru.
Repleto dos palcos queridos,
Amado em sentido corrido.
Nu.

Sei que há dores
E desgostosos sabores,
Mas a luz é maior,
E o brilho sabe mais.

Sabe mais da chuva,
Do dia querido,
Da palavra dita.
Sabe mais da tarde,
Da flor,
Da cor, próprio amor.
Carece a ele o sabor.

Sabe mais do sorriso,
Do apego sabe mais.
Sabe mais do beijo,
E nele se refaz.

poema moribundo

Descansada da estúpida monotonia que nos veste
A morte vem e nos rouba da naturalidade do livre.
Amamenta a verrucal teimosia e num piscar a leva.
Apaga da vista jovial uma corada luminância - e dói.

É da morte o esdruxulo da traição, a descortesia da solidão.
É assim que se é, quando ser tomado por ela é mais forte que a decência
Quando seus braços são desgrudados de um corpo amado
E um abraço vaza e escorre junto das lágrimas.

É incitar a dor. Cutucar uma longínqua saudade instantânea.
Como se fizesse anos.

É longe. Distante, ao ponto de não saciarmos a tristeza
E de não entendermos a realeza de nossos saudosos.