domingo, julho 24

fator amor

é como se de cima
desse pra ver o céu em terra!
- o telhado harmônico da paixão
empilhadeiras de emoção.

e que céu é mais azul
que seu próprio?
mais lacrimejante
que seus próprios olhos
em momento
nos quais se aperta o veludo
da cadeira com a ponta dos dedos
de ver um acorde emocionado que flui?

maravilhas em se notar
a pifiedade de um olhar e
a maravilha de um aperto
de emoções!
- me diz que céu é assim?

quero saber!
e não me invente
novas curtas verdades,
compostas em mesa balcão de prosa!!!

estou dito!
estupefato!
e esse desbunde
de arquitetura versática
que tento poetizar
não é muito.
- mas em sua pequinez
faz o universo ser quase que nulo!
faz a pálpebras tremularem de aflição
junto de um coração sincero
que navega entre nuvens (in)descobertas!

e faz parte de meu repertório
de saberes
o fator amor.

quarta-feira, julho 20

haikai futurista

estou compondo novas canções
amamentando um outro amor
sem precisar me preocupar com a dor.

domingo, julho 17

segredo desenhado na linha da vida

me ajude a desenhar
seus segredos nas linhas
de minhas mãos.

minhas mãos
que estão
mais lisas do que nunca,
esculpidas no ar em elas cortam.

depois de desenhá-los
te darei minhas mãos.

pegue-as.

sexta-feira, julho 15

à tarde

fiquei sem reposta
e disse
que estava carregando a lua
ao invés de estar sentado nela.

não estou carregando a lua.
não quero ser mais que ela.
estou sentado em sua superfície.
te olhando.

calmo, sereno,
     direto
firme e  sincero.

é o melhor lugar
pra enxergar a beleza
e a sinceridade.

lugar que reina
quando existe paz.
paz e entendimento.

o amor tem essa alma densa de floresta

ontem me vi em uma floresta
daquelas verde bem denso.
floresta toda cheia de alma.
- confortável e alegre.

fui vendo as formas humanas 
formadas em troncos retorcidos
em folhas caindo
- quase sincronizadas com os animais.

e no meio, bem no meio
vi a real alma dessa floresta.
e por um momento até me confundi,
achando que era outra árvore.
e era fácil de se enganar,
pois esta estava toda contorcida, também;
era a mais abalada pelo vento.

contudo, ela não estava contorcida
pelo tempo.
- eram seus passos de dança, ali, no meio.
contudo, ela não estava abalada 
pelo vento.
- eram seus braços girando e girando.
formando formas coloridas.
foi a coisa mais bela
que meus humildes olhos
fitaram.

e girava, girava.
não cansava de girar
e dançar e girar.
desenhando no vento
o futuro.

há um tempo
só visito essa floresta.
e nela já montei minha
casa na árvore,
já caçei o que preciso.

por todo o tempo
visitarei essa floresta.
pois me acalma e me faz sorrir.
e dá vontade de ficar descalço

sexta-feira, julho 8

coração

um único dia de silêncio
me apertou as costuras do coração.

e de tanto pensar
o vermelho ficou mais forte,
com as artérias roxas,
grossas e pulsantes
- meio fora de ritmo,
mas procurando
a sintonia perfeita.

apertou as costuras do coração,
e com isso
o deixou mais firme,
mais preciso.

o deixou ciente
de que é assim.

quarta-feira, julho 6

dois animais iguais

qual ritmo
fará duas notas se abraçarem?

prefiro não saber
e tentar compô-las
eu mesmo.

com calma de formiga
e firmeza de elefante.

terça-feira, julho 5

carência

como posso não conseguir
o começo de um poema
se já tenho em mim
todos meus versos livres
e todas minhas letras?

se já estou afinado com o vento,
como posso continuar à deriva?

somente o tempo
aliado à mim mesmo
que me dirá!

a única pessoa 
que está no meio de meu caminho
é a minha pessoa.

e um belo dia
o amor receberá uma carta,
dizendo aquele sonho cresceu.
e que com toda certeza
o amor se estabeleceu.

segunda-feira, julho 4

silêncio gritante

quatro olhos fechados de testa grudada
e duas respirações que se cruzam no silêncio
às vezes dizem muito mais do que um discurso infinito.

e é abrindo a mente
com momentos precisos e preciosos
que a poesia se faz no ar,
e nos proteje do frio.

é de olhos fechados e com a boca que se vê.

ali, sentados,
meus olhos se aquietaram
e harmonicamente junto de minha boca
entraram na paz.

paz grande.
tão grande que perdi a fala
e o próprio olhar,
que enquanto estava no escuro
viajou por mil atmosferas.

e que viajem real, foi.
de causar careta e riso confortável
até na cara mais dura.

gaguejei meus sonhos, depois.
todos rodados.
e apesar de não lembra-los
prefiro deixar assim,
pois sei que estão aqui.
no fundo da mente,
quietos,
aguardando a hora certa de florescerem
e virarem mundo.