domingo, novembro 27

lambe se doí

pra fora do solo
fui alto ao universo

nos olhos fretados
que condenar me peço

uma grande barreira
borboleta no meio do caminho,
que logo sai, entra no peito
e deixa-me ver o além.

segunda-feira, novembro 14

sinceridade feliz

decreto o amor sem problemas,
sombreando sem medo
a pureza do desejo
e agora, o para trás não haveria.

esculpo flores nas tranças
do que passou
- sem nó, sem dó.

guardo com clareza
e rio alto de fotos da infância sua
e deixo esse amor ir morrendo,
caminhando calmo pela porta!
- ele acaba de passar por ela.

e não quero deixar o adeus demorar
- não quero que o coração confunda.
é algo de agora. rápido. claro e escuro ao mesmo tempo.

só sonho só,
e a dor é minha
- não a quero batendo em sua porta,
em suas lágrimas, desapegando essa pureza toda.

só poeto só,
rindo e sorrindo
do amor que brotou dos meios meus.

e vou partir,
mas continuando aqui...
ainda sem vontade de ir embora.
- somente aceitando essa doce
e amiga infância que acaba de acabar
mas que aponta e nortea
meu amor.

domingo, novembro 13

me beija, com a boca de hortelã

Sou o mudo do criado
que cabe tudo do mundo
tudo do outro lado do muro.

E isso se sucede
pois, tudo balança
esse nosso mundo mundo cão
e quando o amor entra na pauta
- quando os olhos se fecham tímidos
embassando por dentro, fingindo não ter visto
até com outro se encontrar num mesmo olhar.

segunda-feira, novembro 7

novidade

como é que pode
ter esse poder todo.
pobre amor.

passado polido;
presente querido
e futuro,
esquecido!

não exponho mais.
não ouso um verso se quer.
não ouso uma rima.
por mais miserável que seja.

agora, procuro o novo.

rio e sorrio pro velho.
- sorrio, pois não há problema! me ensinou
milhões de coisas!

agora, procuro o novo

me rio,
me gargalho.
alisando a maciez toda
que há em meus sonhos presentes.

sofá

o terreno se afofa
e afaga minha clareza.

apalpa bem e sente
as curvas e descurvas
dos pensamentos.

afofado, o coloco
aqui bem do meu lado.
terreno novo,
que define passos diferentes
e pisadas mais leves. mais norteadas.

e depois de confortável,
afago meu bem estar.

terça-feira, outubro 25

segue, siga a seta

e aí, milhares de montes?
onde que quer que eu chegue?
quer que eu navegue por mais
dezenas de natais?

por cem outros amores
e desfavores incertos?

me dê mais, pois.
ma(i)s do veneno
não se faças.
cruel.

só siga
a vida que segue seguindo
que da nota, do tom e do ritmo,
o vento se encarrega e se escorrega
pra apanhar.

sábado, outubro 22

espera! a clareza já já que vem

minh'alma nova
minha calma prova
de maneira e compromisso
marcados
e me faço disso!

maneira de me fazer tranquilo.

e não penso que essa espera
é certa.
mas minh'alma está aberta
esperando esses novos ventos
pra quem sabe ganhar outros tentos.

e mesmo não tendo a certeza,
cativo o sonho,
alinhando meus versos à distância.

sábado, outubro 15

estória estória

fica nessa estória de olhar;
de tentar flagrar algum momento importuno de meus olhos!
- deixe-os aquietados! alinhados com minha calma!

fica nessa estória e depois desvia o olhar;
esse olhar de samba querendo bailar,
esse samba de querer olhar!

tira essa vergonha da face!
ilustra a magia que tem seus olhos
e vivencia o prazer de se dizer olá!

fita os olhos seus e sambe mais um pouco!
em vez de ficar pra lá pra cá, tentando esconder o sorriso morto.

quarta-feira, outubro 12

o castelo de almas

vem alma!
vem no mar,
vem no ar.

e não me mande mais tormentas,
não me faça te olhar de longe.

eu ria à respeito.
à respeito dessa multidão
de desconhecidos, desses sentidos 
em porção única.

e agora, tenho que me acostumar com isso.
e andar sozinho,
com saudade!
diplomata de meus próprios olhares;
acessório do mundo e dos deveres.

monte seus castelos!
monte-se sobre passos e compassos.

segunda-feira, setembro 19

o tudo que é nada

ilustradamente ignorado
por si mesmo
o sorriso se juntou com o medo.

aleatoriamente
em uma tarde banal!!!

corre para a igreja
e diz que sente saudades
- o amor.

fecha os olhos
e em prece e oração
ilumina o vazio.

- vazio, não por perder
desejos,
mas sim por se sentir desejo!

por ver, clara e calmamente
o pequeno tamanho que tem seus atos.

o menino chora!
transcende, sob a luz baixa das imagens.

e sente medos monumentais.
sente medo do desfecho de seus mais novos sonhos.


[este sino pode soar absurdo,
mas não há nada em seu badalar que não seja verossímil]