sábado, março 3

declaro

vem de toda essa branqueza
da tez lisa e corrida
- essa meiguice escondida.
da pele e da vontade da dança colada.

faz arte com o sorriso
- quando olha assim, quando só
seu é meu querer e todo esse corpo aqui.
traça e colore as linhas e espaços
que meus olhos fincam o foco.
e os alerta, também, das emergências
que posso ter; dos desconfortos
nos quais posso me ver!

e como tratar seu olhar?
- abismo que caem meus sentimentos;
profundo e confortável!
desejo grande e quente
que põe só a verdade na frente,
pensamento terno, calmo e de boas cores.

essência linda,
cremosa.
tão bonita que o rabo dos meus olhos
abanam de alegria.

medo da solidão

medo da pressão
no fogo, da pele dela!

é o mesmo medo meu
parindo suas raizes,
me cravando na desconfiança!

é um medo do ão.
do grande, do sentimento gigante.
- mas é um medo de agora
e ri dessa saudade, dessa fatidica ausência
do corpo, do aperto, da vida
do sorriso costurado na cara da beleza!

mas esse medo espera paciente
inteligente festeja sua vitória!
mas esse medo, nosso estúpido companheiro,
não sabe o que o espera.
não sabe da felicidade.

domingo, fevereiro 12

não olhar

feche os olhos, agora!
guarde debaixo dos cílios
esse olhar por mais um tempo.

feche os olhos
e sinta,
sinta o que é.
feche os olhos e saiba
e aguente o silêncio
que o coração pode dar seu jeito.
feche os olhos
- que coração pode dizer
ao invés dos lábios.

feche os olhos
e veja nesse silêncio!
cale-se gritando por dentro!
- que meus interiores
já explodem a cada
olhar não visto,
a cada verso desconversado!

quarta-feira, fevereiro 8

chama a mente

co(r)pos ao alto!
chega a hora,
e chega logo, e adora
cada vez mais fundo no peito
mais adentro do centro.

e pegue no colo!
como foda-se
todo cenário louco
e ame (-se)...

no canto, no meio,
na ponta do desbunde próprio.
...a si mesmo e aos versos
que vem junto do vento.

quarta-feira, janeiro 18

flor

bela, das pernas de pinça,
de sentir fina a passagem
despercebida ao olhos
do desconforto
de luz amarela e
e cintura lisa.

- leve,
como leva o vento
folha e desejo.
como a cabeceira
do rio solta água
e leva a vida.

moça, corpo de lança
da alma fervente
que cheira raro
e olha rápido
pelo seus de olhos corça.

terça-feira, janeiro 17

dezessete e dezessete

sinta bem
meu bem, toda calma
todo sentimento
aqui e por ai.

é de apertar a alma,
o ficar sem.
e agora é bem assim
- todo segredo
se esvaindo pelos poros.
e os escondidos
olhares cada vez mais reais.

segunda-feira, janeiro 16

pela poesia quase madura da solidão

vem essa
nesse tal de saber o amor.

como se fosse necessário
vir dessa.

como asas que desafiam
o sol, rebatendo a luz,
construindo sua querida
afrouxando a tensão
no vento que bate forte.

é assim pros dois.
pra duas almas
como pássaros,

onde um canta
seu canto colorido,
sua trova, sua verdade.

onde uma escuta.
e escuta de novo.
perdida em meio a relva
em meio a outras notas.

onde o um
passa o luar e
se espera.

onde uma
pode se querer
e ser a poesia
madura da união

cheiro que gruda e fica

me dá!
deu desespero.
bem assim, desesperado mesmo que ao lado.

dá medo, pois dói.
- dói esse futuro
que não vai ser novo
vai ser a mesma casa.
como se redesenhasse 
o que já disse que não foi o melhor.
como se cortasse as asas,
antes mesmo de baterem

calma...
o desabafo parece
ser ruim quando desabafado
mas é do coração
a oração da alma.

dói, um pouco.
esse louco pensar
que acompanha
o torto andar.

dói,
por que é apertado.
e não pode ser
e fica desesperado
o verso,
a fala
e o silêncio
- daqueles que sobe
no peito, espremendo
os pulmões.

e,
é por querer de mais,
podendo de menos.

alinhe-se com o desejo,
e se quiser, queira.
por que não posso
me trair.
- na espera,
numa possivel futura ilusão.

domingo, janeiro 8

anjo

desculpa, mãe.
se, já, seus calos são meus
se fiz a dor da sua calma
aumentar com meus outros
pensamentos.

desculpa
quando trago a mentira,
soprando a vida pro alto!
- a partir da sua melancolia
apago e recolho todas as cinzas.

obrigado
por mim
por me dar eu mesmo
e me mostrar o peso
de ser mais feliz.

desculpa, rainha
pois agora me renovo
e peço o abraço real
pra te passar a verdade
pois você é amor maior.

sexta-feira, janeiro 6

lírio

foi no nascer do sol
meus pés sentindo
mais o peso.

o peso do corpo
cheio da distância
das impossibilidades
da vontade.

e é assim
já faz dias,
já faz tempo,
já faz beijo
já faz saudade.