quarta-feira, novembro 10

é bom cair nos risos do amor

percebi quando o chão sob os pés
pareciam tão leves, que estavam aptos a sair voando,
e saíam.
minhas pernas se elevavam, e pairavam pelo meu andar.

os pesares, a mim, não atrapalham,
apesar de serem o revés do sentimento,
talvez me dão forças e versos apaixonados.
é só uma questão de mera paciência,
que com o amor, naturalmente
nossas notas se harmonizam
e uma melodia se abre num começo belo.

quando menos se espera, tudo se reverbera,
e se faz esse mundo nosso,
que me reflete na feição
a sinceridade do apelo e da paixão.

meus ditos e escritos beiram seu quarto
e se você quiser,
é só abrir a janela que eles te abraçam,
e tão cedo não te largam,
não te fazem temer a perda.

e, além do abraço,
eles se tornam teu pão e teu sorriso,
e mesmo que não tenha visto,
por ora eu tento dar o nosso laço.

segunda-feira, novembro 8

pardon adoniran

bem vinda, alegria!
demoraste, alegria
você veio hoje me ver
e eu já estava meio só,
de não estar com você,
por tão grande tempo.

se chegue, alegria,
sente-se comigo,
aqui na mesa do bar,
e seja meu copo,
e me dê seu sorriso,
que é pra eu abraçar,
gritar de alegria,
alegria de amar.

domingo, novembro 7

pequeno amor

o tímido padre nosso
que vazava por entre seus lábios
conturbava as vossas senhoras,
que afinadamente sabiam suas preces.

e da timidez,
seu olho passava para o pequeno vulcão,
inquieto e vermelho.
talvez vestido de paz para a ocasião,
mas por dentro se pulava todo, enérgico.

arrancava sorrisos até de quem não devia,
e o choro de alguns se fundiam com essa alegria,
transformando o ar.

é como se não existisse,
coisa mais preciosa e brilhante.
um pequenino sorriso que libera cores
e milhares de amores.

segunda-feira, novembro 1

tu és samba

prenho de razão e
decidido em meus pés,
canto meus versos pra um só corpo,
e danço o tango.

e, além do tango,
vejo nos olhos redondilhos
o samba que és.
e me encanto com seu andar de pandeiro.

quinta-feira, outubro 28

sombra

sonho com belas sombras
maravilhadas com a indecência da luz,
chegando e derramando o ver, a visão.

são da essência de acordes luminosos,
de asas fototrópicas e frequências abastadas.
são conjuntos de corpos parados,
que em sutis movimentos mudam a vida de suas fomas,
transformando o amor do abraço negro,
num vazio de luz e cores e profundidades.

sonho com belas sombras,
que quebram a claridade
com seus desenhos unidimensionais.

dois

mil olhos
entornados de sentidos
e sensações.
rúbricas solidamente pláticas,
donde saem vivos
                   mortos
                   cores
                   marasmos.
donde filam os cérebros
e os fazem esfumaçar
de lágrimas, arrepios,
e é só.

matadouros ignorantes
das pelúcias vazias que andam,
que em seu próprio sarro
caem na escada da ironia.
            mil olhos!
            mil sentidos novos
            e iluminantes.

nova era antiga

um velho começo de era
inicia-se novamente,
borbulhando com a paixão
que por tempos salgou
as faces do vazio.

uma velha janela
aberta como se pela primeira vez
visse o sol iluminando frases,
apagando pesares da solidão
e tecendo em ar e riso
o aperto que nasce feliz.

mas com uma fina singularidade.
vejo nossos pés costurando
outro caminhos,
corresto ao ver alheiro, e
sadio ao nosso amor.

terça-feira, outubro 26

um céu (de)novo

meu corpo na cruz de olhares,
ausência de normalidade
me deixa sorrir levemente.

moralidades esquecidas e talvez
um altar de saudades canonizadas,
veleiros de vidas outrora vazias
que agora se fundem por mil amores
e recheadas se tornam novamente.

salvando meu eu,
e alisando a prontidão de desejos e
decisões repentinas, tomadas por verdadeiro querer.

suas mãos de fazer tudo ir à vida,
mãos de apego, de sóbrio e desfumaçado amor.

passado novo

volto aos palcos de meia luz,
sem cenários, mas assim, cheios.
e a liberdade e esperteza das palavras
estranhamente continuam as mesmas.

sinto cheiro novamente,
sinto leve meus pés e meus lábios.

como se tivesse dado à luz
a esse sentimento novamente.
é um abraço, terno e quente.
lento e intenso,
repleto de manias e sorrisos.

quinta-feira, outubro 21

fedão

um brilho de olhar que me brilha quase em todos os luares,
lembrança de vagas memórias, poucas e ricas.

de rosto redondo e óculos,
é o abraço que queria sentir nas horas atuais,
nas verdades que frago por hora.

fluiriam infinitas conversas,
que antes mesmo de existirem
foram apagas pelo derrame de células,
pelo ínfimo adoecer.

um brilho que vejo
que anseio
talvez, morrer logo pra ver de perto.
capitão desses pensamentos meus, que vão e voltam.