segunda-feira, abril 11

abro a porta docemente

abro a porta
ando à porta
e na porta que vejo
vejo o que estava procurando.

e através da porta alcanço.
alcanço a porta afim de conseguir o agora
e os sentimentos estão justamente onde deveriam estar.

ando à cama.

esteja onde está,
e não mova por nada,
que vou dormir
sob o seu olhar.

sob teu esconderijo
sob teu nariz de espuma.

e dormirei, calmo.
e nada virá para meu caminho.

dando meus punhos

o tempo volta onde ele não pertence
e sua invalidez se torna real.

tudo se volta para o que realmente é real
quando as cores iluminam três ou quatro infantes.

a cor é real,
a som é real.

e onde há uma linha que eu não fico logo atrás.

amargo.

o desapego me veio hoje
tentou e tentou falar, mas nada saiu.

e me sorriu o sarcasmo.

o peguei, embalei
e dei de presente pra minha solidão.
pobre solidão.
pobre sólida amargura singular.

sábado, abril 9

o único planeta que me resta

continuo sendo o que me há de melhor
a cada segundo, nesse frágil planeta.
e a cada uma dessas frações faço meus encontros
com todos seus mistérios,
com todos os mendigos parentêses.

me jogo no mundo,
e nas nossas leis faço meu presente.

seria melhor se fosse nas minhas leis,
minhas próprias bagagens de saber e gostar.

o céu não é azul

a cor do acorde forte,
digo, o vermelho
se faz do sangue
e o céu é vermelho
e o é, também, a dor,
a paixão,
a vida e a solidão que foi parida no peito.

é o sonho do fraco monocromático,
pois essa lhe dá força e a destreza para voar longe,
e ao mesmo tempo é o tom do inferno.

domingo, abril 3

joão de barro

meu medo e desafio era andar sozinho
e não alcançar a paz, e não lembrar do caminho.
e temendo, meus ouvidos foram entendendo.

só devo a um herói maior.
um espelho meu, que tudo sabe
e sempre saberá que caminho me dar.
ao herói do qual nunca consiguirei me livrar,
pois ele me aperta, e é pra nunca mais soltar.

sábado, abril 2

madeira

céu de longos braços
dê-me seus
longos abraços de mel e

seu puxado cabelo.

não atrase a fusão dos olhos
pois é o tempo nosso
que escava o amor soterrado

- esse logrado amor,
sintilando os brilhos da diferença
que nos separa e incrivelmente
arranca lágrimas de felicidade
numa esquina qualquer.

céu de longos braços:
clareie seu azul! deixe celeste
a cor de seus olhos
que só assim
consigo chorar meus versos
e sair ao seu sol.

vermelho

é bom quando o sonho
encontra outro caminho
e muda para as ruas da realidade
e, assim, pode furtar um sorriso
do vento crava-lo em mim.

e nessa nata lúdica
luzes e cores escrevem seus versos
em mim.

sexta-feira, março 11

valsa

sua valsa triste caminha com a noite
petrificando o olhar de todos pares.

enquanto rodopia,
crava nos corações alheios o calar da noite e
o uivo da lua.

enfrenta o mundo,
e pinta no chão os ventos do fim do dia,
decora olhos com a cadência de seu amor,
com a decência do seu olhar.

e como se não bastasse,
ensina-me melhor,
pois não sei direito a arte.

e quando fiz o necessário,
foi pra não levar junto o brilho dos teus pés.

o gozo vem depois do amor

se hoje o medo medo não vê a solidão
é por que o macio do sozinho explode em outros lugares.
 - é uma verdade que assusta a clareza da mente

e as palavras que colavam a nossa definição em nós
emanam suas essências nos lugares que buscamos.

o passado se vira numa magia
que agora tento entender,
se transforma num quebra-cabeça escuro
impossível de montar,
pois sua beleza é tão uniforme e bonita
que fica difícil de se achar as pessas.

se hoje o medo não vê a solidão que me assola
é por que quero.
é por que quis ser feliz
é por que quis compor felicidade em outros olhos.

contudo, nada se esvai do coração.
nada apaga.