segunda-feira, maio 24

mademoiselle

escrevo nessa tarde cinzenta
chuvosa.

calho a achar metáfora combinante.
subo minhas escadas com medo de encontrar
o defunto deitado em minha cama.
lendo meus livros, tirando minhas fotos.
no verão de maio vi a canção parar.
desta vez acabou o disco,
e já foram tocados os dois lados.

o defunto me olha,
sim, o encontrei em meu quarto,
e resmunga torto a dança diluída.

reencarna, depois, na simbiose momentânea
de minha visita paradoxal.
e me vê uma dose de versos, s'il vous plaît.

só meia xícara, por favor...
meia basta?
não sou tã azul como você.
basta inteira para doer o osso,

doer bom.

é bom transviar o caminho
de minha chuva.


me perco no significado.

Nenhum comentário: