segunda-feira, junho 27

era letrada

nada de preguiça.
saia da vida versada
pois não há palavra cansada,
não há verso que senta e não levanta.

só há liberdade grande
e vontade de mais.

e, por outro lado,
é ´mais uma ligação.
mesmo que não sejam
tecidos comentários,
mas os versos se ligam
e o entendimento se encontra
em conversas e versos sinceros.

retrato preto e branco

tinha um e tinha outro
tinha dois juntos
e depois separados.

tinha riso trocado
e abraço apertado.

tinha calor de intriga
e frio na barriga
e depois teve o fim.

teve recomeço
e teve abraço
teve beijo
e teve laço.

teve choro
e teve outro fim.

teve tempo
teve solidão
e teve outros
e outras.

mas
agora pode ter amor.

sexta-feira, junho 24

charlatão

olhando deste lado é horrivel terminar uma quinta feira fria dessa maneira.
sufocado dessa meneira. esperando que algo aconteça. esperando a música terminar.
é bom quando você nem liga pro fim ou começo, para o nome ou duração.
é bom quando simples e naturalmente acontece essa mágica apaixonada.
- é amor.

[e, como pode, uma simples notícia causar tormenta?
agora sim, tenho certeza que amo]

quarta-feira, junho 22

peso vivo

sinto suave.
ser não é mais fácil.

não é simples
e pronto.

sinto peso.
e que peso
é mais pesado?

mas,
mesmo pesado
é querido.

vida pesa
na cara das pessoas.
puxa para baixo a pele
e o resto é esquecido.

vida pesa
mas pode realizar.

segunda-feira, junho 20

feira livre

é segunda-feira de saudade.
feira livre de solidão.

e como pode uma carência se grudar no cérebro
e fazer o olho tremer? fazer o coração girar dentro do corpo.

e pelo jeito, não vou chegar no fim dessa rua
até o fim do dia
ou até a bolha estourar,
até sentir o cheiro da minha terra
até abraçar minha mãe
até ir para o céu.

é uma feira geral.
mas algumas barracas se destacam.

e depois de prosas maravilhosas
depois de aceitar todos mal-feitos do passado
fica díficil não parar na maior das barraquinhas.
- toda colorida, com música alta, samba e dança.

mas, realemente sinto que talvez essa barraca
seja a que esteja mais próxima do fechamento.
NÃO!
sorrisos vão faltar.
e será em vão o nosso entendimento.


sorrisos vão faltar
e não terei mais a melhor das feirantes.

segunda-feira, junho 13

samba rasgado, bem ritimado?

saí da sombra na qual eu sufocava o entendimento
e a simplicidade que é conversar com o espelho.
espelho invertido, oposto e todo dançante.
nele, é como se meu reflexo se balançasse enquanto o olho
e ia dançando, mexendo e sambando
embaixo do meu nariz e não eu não era capaz de acompanhar.

talvez seja tarde.
ou, talvez, agora seja a alvorada,
o começo do império bom e sereno.
talvez seja agora.

fui pra luz.
a mesma luz que passava por tudo e me deixava na sombra.
mas do outro lado [deste lado] ela é branda e gentil.
é calma e sem mentiras.

fui pra luz.
luz que gira o disco e toca os sambas favoritos.
que aumenta o volume na hora exata e encaixa
o balançê no amor. e faz uma nota se virar em melodia
com a delicadeza de uma flor.

domingo, junho 5

haikai da mulher distante

onde estão aquelas notas?
estarão perdidas em outros instrumentos
solando seus amores em outras escalas?

terça-feira, maio 31

marco zero

repito minhas palavras, eu sei.
e sei, também, que não sou mais
cego o suficiente pra não conseguir esse respeito.

e fico de longe,
aliviando minha mágoa
em luzes disformes e letreiros de cabaré.

fico sem pé e sem delírio
mas não posso e não passo pela ponte do passado
- quero o zero,
o puro contato.

como se tivesse começado nesse instante
no qual meus dedos são canais e meu coração a fonte.

domingo, maio 22

só conto meus medos e amores

não espero alarmar raivas e furias
com meu simples sentimento.
e o divulgo na roda de todos
por que sou somente sincero
e não preciso ter medo do deprezo.

não espero alertar dores e amarguras.
sendo meu próprio freguês,
sendo único entendedor de meus versos
talvez eu precise me explicar mas claramente,
mas não há como negar
que gosto quando o desentendimento alheio saliva,
e enche as bocas da mente de curiosidade.

se você quiser amor chegue aqui

como pode?
ver de cima do monte um passado todo!

é como se os pisos dessa terra
gerasse um retrocesso em meus passos
e os fizesse lentos.
e parece que só assim
o homem não vê minha saudade.

e a alma fica fazia,
nem que for por ínfimos segundos,
mas ela fica.
mais sombreada
mais escondida.

e o amor é aqui.
disso eu tenho certeza,
mas não posso ser doce nem rude.
somente tenho que esconder
para poder ao menos ver um sorriso
e não costurar as lágrimas no meu céu particular.