segunda-feira, agosto 2

o tempo é mercúrio cromo

agora, voe livre. pinte o céu com teu vinho.
alimente outras crianças literárias,
pois tenho a verdade de que estas
serão enternamente gratas.

serão gatos em cima dum muro,
atrás de tubarões céticos,
correndo por leite,
levando seus passos à seus sonhos.

agora, peço perdão. cerrei teus olhos
e corri de teu seio, de teu leito.
deixei deitada a ave celeste,
com sua aura de mil cores,
com sua fumaça que fora, em mim, algema.
que me prendeu fortemente.
larguei fervendo seus olhos cegos.
comi de teu corpo e deixei no prato, tua essência cinzenta.
mas tenho a verdade de que não fora culpa minha.

apaguei a última chama;
abandonei a ave,
mas tenho a verdade, a mais pura das verdades,
de que ao menos uma pena, e um bocado de cinza estão registrados
em meus olhos,
absorvidos pelos meus sentidos.

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