segunda-feira, junho 7

sem nome

o tardar,
            quente e dissimulado
            me encontra no infinito, creio.
            assim me tangencio a terceiros
            para esperar

a manhã,
             a manhã do dia que vem
             é aplaudida com quatro queijos
             e bourbon de sorriso
             engarrafado há semanas atrás
             mas curtido centenariamente

a noite,
           do dia que vai
           é despedida sem querer
           aponsentada num baño ou sopa
           quente e dissimulado.

alimento para o ego número um

sei que como dor
sou fraco o bastante
para nem precisarem de remédios.

apenas deixar de lado, cura.

mas sei, também,
que teimo como parasita
e mesmo morto, dentro de meus hospedeiros
continuo lá,
pra apoquentar meus bens

catraca

me esponho, nu.
pairo no espelho
de meus globos,
e nada existe, agora.
vivemos, pois, em sonhos de imagens.

minha janela guarda
para si, a desgraça
parece que quando chego
ela se fecha sozinha
não me deixa
escolher,
colhe pra mim,
e sempre aceito esse fim:

pois é belo e cheio de graça
numa boa noite de insônia colorida.

e não quero, também, causar
outro qualquer além do nosso.
além da nossa espera.
só isso.
assim, pinto nosso estandarte de azul.

minha janela embassa

deixa-me pintar com meu nariz.
ser feliz
e desenhar minhas humildades!
saudades não quero ter mais
e, assim, jogo fora o bilhete.

falsete de meu sonho
continua insistindo.
mas fico bem, decidido.

flutuando ebriamente
sob minha própria mata,
com velocidade dos anjos
piscando meu silêncio
em três passos mais.

quero ter meu próprio
jeito de me mostrar,
de queimar os feiticeiros.

comço assim, a cansar
levemente de meu baião.
quero acordes novos,
diminutos

o amor tem que ser reinventado

meu corpo
feito furacão,
jogado ao ar,
em meu berço.

levanto minha direita
e levo o tiro.
faz um buraco em minha mão:

- por onde vazam
meus pensamentos
e vou perdendo minhas
idéias azuis.

domingo, junho 6

poema 2

nasci por defeito
da maldade do menino infeliz.

da parte que não nos olhou.
destinado a padecer sob
a superfície intacta da água

energicos milhões bateram em minha cabeça
em busca de alguém,
mas abro só para quem desejo querer.

não quero me entender, nem que entendam.
me esqueçam, pois.

mas não por completo,
nem por quero ser por todos,
mas por quem nem tá aí.

quero só os meus bacanas
a literatura, a matemática, as letras,
as pretas, o desenho, a saúde,
e o sol francês.

brisa da manhã

sinto o calor
em minha alma

querendo, 
              sair toda descompassada
              rodando mais que o disco
              e minha cabeça.

que me esquenta
por dentro da cuíca

gritando,
             e me embriagando
             com notas agudas e sobressalentes
             na demência do ser um
             ser de amor

novas mudanças
vão acontecer dentro de minh'alma

falando,
            assim com certeza do que digo
            o calor se prostitui no presente do futuro
            embalada na carne seca
            pela constatação do sábado.

vive, em mim
o gostoso do sentimento,

abrindo,
            os meus lábios
            no sorriso quente e de meus dentes
            acesos para verlaine.

sexta-feira, junho 4

há muita kriptonita no ar, verde e vermelha também

vejo a chiquita bacana
buarqueando pela augusta
e sabendo da diretriz amada

sangrando expressões elétricas
chorando-me o olho e mente
e sem cameras para sorrir
mesmo tendo motivo
de abrir a boca vermelha

e os olhos.
Ah...

e já no firmamento do que é,
descobri a beleza dessa música
que foi na lua que vi.

segunda-feira, maio 31

me exploda, terrorista

tento,
       claramente te explodir.
       e deixar um clarão na calçada
       visível pro ônibus e borboleta

penso,
       voar na direção da chuva
       me imagino deveras alado
       rindo do seu sorriso


mato,
        meus cadernos,
        veja bem meu bem
        eles me confortam
        quando acabam
        e vejo ele todo recheado de azul.

domingo, maio 30

versos brancos recheados

não queria só meia xícara, não
por favor.

quero o garrafa toda
sentada em minha mesa

me olhando,
e contando sobre como foi o dia

encenando essa distância
no sarro da risada

observando e provando
o que observo nas palavras

que são colocadas ali na tela
ou num envelope branco

não quero só meia.

quero o dobro,
transbordar de versos

colhendo o que chama
de incrível

e colocar numa bandeija antiga
e colocar na sua campainha

depois de sentar e olhar
queria esvaziar a garrafa toda

te-la para mim, ó, café do meu sol primeiro
estupefada de tantos versos

vivo cada uma de minhas vidas presentes
como o filtro.

esperando a água passar pelo meu pano grosso.

não queria só meia xícara, não.

quero seu samba
no meu tapete,

seu sorriso no meu colo.

e falo mesmo, e falo denovo.