quarta-feira, novembro 24

tristeza, sente-se comigo na mesa de bar

sem pedir licença de entrar ou ficar,
sinta-se à vontade, te deixo me apossar
em teu colo,
em teu choro
que escorre no meu rosto.
deixo teu corpo,
que é minha lágrima e minha vergonha mal sentida.

não faz diferença se pode ou não ser minha agora,
pois já me faço de você há algum tempo
e não há como te apagar tão rapidamente.

rode teus olhos de sangue em torno dos meus,
me deixe te enxergar
e te entender, me deixe.

todas noites que te acolhem aqui ao lado,
espero que se esfriem cada vez mais,
espero que te consumam inteiramente,
mas por ora, tu és minha morada.

segunda-feira, novembro 22

é preciso regar

doce clarão do meu mar,
que chegou por entre essas entranhas tortas:
suga meu sentimento,
que é sincero e costura esse sorriso em mim.

voe mais perto,
que nos fazemos mais seguros
e há uma ou duas mãos para nos segurarmos,
pois não há o cair, em nós.

quero que tenha um lugar
para mim e meus eus em teu amor,
quero que me faça novamente seu

e sendo como digo,
haverá muito mais flores em nosso jardim,
e em nosso poema,
estrategicamente versado
te darei todos os botões que quiser plantar,
te darei um buquê de amor.

sexta-feira, novembro 19

renascimento

acendam todas as velas,
que se transformou em real
o sonho que foi tanto contado
e tanto sangrado.

acendam bem minha cara,
que se sorriu e sentiu o vento
do acreditar.
que perdurou antiga durante
tanto tempo,
mas agora se refaz em certeza.

eu sei de mim,
como voo e como vou,
como ando por essas águas,
sei do que faço e do que laço.
e sei que sei.
não fico mais inventando novas verdades.

terça-feira, novembro 16

haikai pandeiro

você é samba,
rodado e florido,
como vestido de domingo à tarde.

só com tempo isso se desfaz

meus prazeres,
frutos de gentis demônios,
bateram à porta da rua hoje.

fiquei só.
e só fiquei assim, não houve
uma palavra se quer.

foi momento
de um estrondoso silêncio,
de um breu de fala,
e eu prefiro ficar assim.

o sol recusou a iluminar,
e só eu, só eu,
ouvia essa descoloração da mente.

e quantos ouvidos teram eles que ter
para me ouvir
e saber que sou eu,
do maneira como me conceberam,
da forma e sentido que me colocaram aqui.
não há alguém invadindo meu quarto,
e me tomando.

sonho com as belezas que nos faziam,
e espero, só, o orgulho.

na lua de teus olhos

faça de teu presente o teu palco,
que diretamente o sol oscula em tua face
e me mostra teu dançar,
me desnorteia dos certos e corretos
e abre meus olhos em sincero olhar.

é um brilho, quase que eterno.
e terno, macio e sofisticado de teu olhar.
amar é que torna mais difícil o esquecer
que no dia de ontem foi desejo nosso,
e hoje é apagado, como se não existisse.

faça de meu palco, o teu,
e mostrarei a você, que consigo te acompanhar,
que dançar não é só dos pés,
é da alma, do amor.
digo da dança de nosso sentidos,
da harmonia de nossos seres.

é teu olhar,
confortável e silencioso,
que escolho como minhas lentes,
como meu meio de ver.

e se quiser, te dou o meu.

quinta-feira, novembro 11

amanhã

olho o verso
que te acompanha.
ele, ou sua farta essência
geram uma breve combustão
que sabe de cor
como me por a frente.

me sabe bem
e sempre canta essas canções
ora tristes, ora facilitadas pelo riso,
que me carrega até um abraço teu.

olho o verso,
que para mim é luz,
e fico meio descoberto
meio nu no meio de palavras
que não tendem a acabar,
palavras (repetidas) que preenchem algumas
de minhas telas amorosas...
e algumas delas são como sol,
morno e confortável.

e, desta vez,
me dizem onde ir à noite,
que é sua agora
e que se vira, no próximo dia,
em colo e calor.

calem as palmas

fuja as mãos uma das outras,
estas peles marcadas e sofridas
que cultivam a dor
que te esfrega os olhos.

deixe de lado todo o amor
que não te acompanha mais
em mesas e conversas,
apague a brasa que outrora
te acendeu nas idéias
os fogos de uma outra paixão.

mazelas te fazem agora,
esqueça de hipocrisias falsas
que não te abandonam!
solte, e deixe ir, tudo.
mas, longe de seu calor
longe de suas vontades.

e a pelejante certeza
nunca vai ser sua,
vai ser o vazio e o pensar e pesar.

na verdade,
não há sorriso e telas coloridas,
não essa beleza verdadeira...
pertubantemente, não há.
é nua e crua
a vida que se faz de solidão.

é só uma questão de tempo

sabida dor,
o que verso a ti,
quando a lógica de meus fundidos pensamentos
se abre e desabrocha
em finos verbetes de amor
dor ou riso,
não é mais que sincero
ou
profundamente querido...

me ouça,
o que rogo
e que sou.

deixe-me no calor de vosso olhar
e na fissura de teu término,

sobrevivo, por ora, afundado em ti.
merecendo
e
tecendo minhas verdades
com linhas finas
que com o passar de vários sóis
acha seu fim

quarta-feira, novembro 10

é bom cair nos risos do amor

percebi quando o chão sob os pés
pareciam tão leves, que estavam aptos a sair voando,
e saíam.
minhas pernas se elevavam, e pairavam pelo meu andar.

os pesares, a mim, não atrapalham,
apesar de serem o revés do sentimento,
talvez me dão forças e versos apaixonados.
é só uma questão de mera paciência,
que com o amor, naturalmente
nossas notas se harmonizam
e uma melodia se abre num começo belo.

quando menos se espera, tudo se reverbera,
e se faz esse mundo nosso,
que me reflete na feição
a sinceridade do apelo e da paixão.

meus ditos e escritos beiram seu quarto
e se você quiser,
é só abrir a janela que eles te abraçam,
e tão cedo não te largam,
não te fazem temer a perda.

e, além do abraço,
eles se tornam teu pão e teu sorriso,
e mesmo que não tenha visto,
por ora eu tento dar o nosso laço.