terça-feira, maio 11

pinheiro

atravessei [de novo]
a rua para apanhar aquele som,
nua e cansada.
tonta com as faixas do chão
colhendo nos pés o sangue.
estava longe e cego
e o vermelho circundava o duro da boca, tímido.
andava trocando passos por piscadas
entre a cegueira.
alcançava, quase que hermeticamente
notas giratórias que fluiam os membros
espacarticamente doídos.
meus sentidos ficavam entre as duas calçadas
e no cume da minha dança
estaria sem mais nenhum,
fingindo o sorriso,
que acabara no tesão dos giros e pontas de pé.

o som me espera, como sempre
quebrando vidas com seu volume
trezentos e dez decibéis de vontade e amor pulsante
na feição das nove comas de distância.

eu carrossel, e
ele exalando cheiros diminutos,
agudos.
carente da surdez
na iminência dos passos,
na pertinência da distância.

Nenhum comentário: